Terça-feira, 21 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de maio de 2021
Ação integrada das forças de segurança conseguiu retomar tendência de redução em roubos com mortes.
Foto: Grégori Bertó/Ascom SSPApós o aumento registrado em março, há tendência de queda nas ocorrências de latrocínios no Rio Grande do Sul em abril. O número de roubos com morte reduziu mais do que a metade, 57,1%, de sete casos no quarto mês do ano passado para três. É o menor total para o período em toda a série histórica de contabilização desse tipo de crime, iniciada em 2002. Em relação ao pior momento já vivenciado no Estado, em 2016, quando houve 19 latrocínios em abril, o total atual representa uma queda de 84,2%.
O resultado também ajudou a retomar a curva descendente no acumulado desde janeiro. Na comparação dos quatro primeiros meses deste ano e de 2020, há baixa de 23 para 20 casos (-13%), também a menor soma para o período desde o início do monitoramento das estatísticas. Frente ao pico de 72 ocorrências no 1º quadrimestre de 2016, a redução chega a 72,2%.
Entre os fatores que contribuem para o resultado, as autoridades apontam a alta resolutividade desse tipo crime, com rápida identificação e prisão dos autores em 70% a 80% dos casos, além do acompanhamento sistemático e detalhado de cada uma das ocorrências pela Gestão de Estatística em Segurança (GESeg), que permite executar as ações de resposta dentro do Programa RS Seguro. Além disso, o planejamento com foco territorial e baseado na análise dos dados resultou na redução generalizada dos principais crimes contra o patrimônio, geradores de latrocínios.
Homicídios têm queda de 32,4% no Estado em abril
Outro crime contra vida que registrou redução no mês passado foi o homicídio, considerado internacionalmente como principal indicador para acompanhamento dos níveis de violência. O total de vítimas em abril caiu 32,4%, de 176 no último ano para 119. É a sexta redução consecutiva na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A última alta ocorreu em outubro de 2020, quando houve elevação em razão de conflitos pontuais na Serra, logo reprimidos pela rápida ação da Segurança Pública, dando início à sequência de retrações a partir de novembro.
O total de vítimas em abril é também o menor para o período desde 2006, que teve 112 óbitos, mesmo número do ano anterior, quando começou a série histórica de contagem. Frente ao pico do mês, com 244 assassinatos em 2017, a retração chega a 51,2%.
A tendência de queda nos homicídios se repete no cenário acumulado desde o início do ano. Na comparação dos intervalos entre janeiro e abril, a soma de vítimas de assassinatos baixou de 668 para 529, o que representa retração de 20,8% e 139 vidas preservadas. O total nesses quatro meses também é o menor para período desde 2006, que registrou 481 óbitos.
Em Porto Alegre, a retração nos homicídios atingiu novos recordes. Em abril, o número de vítimas de homicídios caiu 17,9%, de 28 no ano passado para 23 neste ano, o menor total desde 2010. Em relação à pior marca, de 70 mortes no quarto mês de 2016, o dado atual representa diminuição de 61,1%.
A Capital ainda lidera o ranking de reduções no acumulado desde janeiro, com baixa de 111 assassinatos no primeiro quadrimestre de 2020 para 88 em igual período de 2021 (20,7%). É também a menor soma nos últimos 11 anos e que representa 70,3% de retração na comparação com o pico de 2017, quando 296 gaúchos foram assassinados em Porto Alegre entre janeiro e abril.
Violência contra a mulher cresce em abril, mas segue em queda no acumulado
Depois uma redução histórica nos feminicídios em março, o resultado do mês seguinte mostra que a sociedade gaúcha ainda precisa avançar muito na cultura de igualdade, respeito e proteção das mulheres. O número de vítimas de assassinato por motivo gênero no Rio Grande do Sul subiu de nove para 14 (55,6%).
A análise de cada caso, realizada pelo Observatório Estadual da Segurança Pública para o acompanhamento da GESeg, revela a persistência de um problema já detectado em estudo realizado pela Polícia Civil. Das 14 vítimas, apenas duas estavam amparadas por medida protetiva de urgência (MPU), ou seja, em 85% dos casos não havia qualquer determinação judicial para afastamento do agressor. O dado é semelhante ao identificado no Mapa dos Feminicídios 2020, no qual a Polícia Civil verificou que 93,7% das 79 vítimas no ano passado não contavam com MPU em vigor à época do crime.
O estudo evidenciou ainda que 82% das mulheres mortas de janeiro a dezembro nunca registraram ocorrência contra o agressor. Entre as vítimas de abril deste ano, esse índice foi de 50%.
Os dados ressaltam a importância de comunicar qualquer suspeita de violência contra a mulher às autoridades, de forma a possibilitar a adoção de medidas preventivas. Conforme a diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher (Dipam), delegada Jeiselaure de Souza, ligada ao Departamento de Proteção à Grupos Vulneráveis (DPGV) da Polícia Civil, são raros os casos em que o feminicídio é resultado da primeira agressão. Em geral, as mortes por motivação de gênero são o ponto final de um longo ciclo de violência que, quanto antes for rompido, tem mais chances de preservar as vítimas.
“O enfrentamento da violência doméstica não é apenas uma questão de Segurança Pública. É preciso engajamento de toda a sociedade para entender e perceber que esse tema tem raízes culturais e históricas muito complexas. Necessitamos de uma conscientização para reduzirmos a subnotificação de casos, que é em torno de 90%. Muitas vezes, eles só chegam ao conhecimento da Polícia Civil quando a mulher se torna uma vítima de feminicídio”, afirma a delegada.
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