Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de janeiro de 2024
A agência federal de aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) apontou risco à segurança de passageiros, tripulantes e do próprio avião para determinar a suspensão de voos de alguns Boeings 737 Max 9 até a realização de uma inspeção imediata obrigatória.
Estão impactados pela medida as aeronaves desse mesmo modelo com uma porta “falsa” — desativada — na parte do meio do avião. Isso acontece depois de uma porta desse tipo ter sido ejetada, em pleno voo, de um Boeing 737 Max 9 da Alaska Airlines, na sexta-feira (5), em Portland, no Estado de Oregon.
Segundo a FAA, são obrigados a passar por inspeção imediata 171 aeronaves Boeing 737 Max 9 de companhias aéreas americanas ou estrangeiras que operem nos Estados Unidos e têm o chamado “tampão de porta” (“door plug”, em inglês). Ele é identificado visualmente, do lado de fora da aeronave, por ter uma janela e um contorno de saída de emergência.
É o caso, por exemplo, de alguns dos Max 9 operados pela Copa Airlines, que usa esse modelo em rotas internacionais a partir de São Paulo.
Em razão de a porta “falsa” ter sido ejetada, o avião da Alaska Airlines sofreu uma despressurização em voo quando estava em procedimento de subida, a 4.975 metros de altitude, e teve que fazer um pouso de emergência em Portland — cerca de 20 minutos depois de ter decolado do mesmo aeroporto. Havia 171 passageiros e seis tripulantes a bordo. A porta desativada estava ao lado de um assento vazio. Ninguém se feriu.
Ao justificar a suspensão, a FAA apontou o risco de outras aeronaves terem problemas na porta desativada, o que classificou de “condição insegura”.
A agência apontou ainda que a perda de porta de voo, caso se repetisse, poderia resultar em “ferimentos aos passageiros e tripulação, impacto da porta no avião e/ou perda de controle do avião”.
A Alaska Airlines, a empresa envolvida no incidente, já anunciou a suspensão dos voos com Boeing 737 Max 9. A United também. A Copa — que faz voos para o Brasil com o Max 9 — fez o mesmo, segundo anúncio publicado no site da companhia.
A inspeção nos Boeing 737 Max 9 leva de quatro a oito horas, segundo a FAA. O Conselho Nacional de Segurança dos Transportes (NTSB) investiga o incidente. As companhias aéreas brasileiras não adotam o Boeing 737 Max 9.
Porta “falsa”
O problema no voo da Alaska ocorreu em tampão de porta, a porta “falsa”, na parte do meio do Boeing 737 Max 9.
Essa porta extra existe em todo 737 Max 9 para atender aos requisitos de evacuação de passageiros em caso de emergência —mas não necessariamente está apta a funcionar. A porta é adotada como saída de emergência por companhias aéreas que usam a configuração de assentos máxima do Max 9, com 220 passageiros —como a Lion Air, empresa de baixo custo da Indonésia.
Aviões com o “tampão de porta”/porta falsa comportam obrigatoriamente menos gente: a capacidade máxima cai para até 189 assentos.
No caso da Alaska Airlines, são 178 lugares, segundo o site da companhia. Na prática, o voo tem menos passageiros a bordo, o que dispensa usar essa saída de emergência —e ela então fica bloqueada. Só por fora é possível perceber se tratar de uma porta; do lado de dentro, ela se assemelha a uma janela.