Quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
18°
Light Rain

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Geral Risco de inadimplência das companhias brasileiras atinge patamar recorde

Compartilhe esta notícia:

O risco de calote das companhias atingiu, na média, 6,27%, o pior desempenho da série histórica que teve início em 2016. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

Um dos efeitos diretos do período prolongado de juros altos no Brasil, o risco de inadimplência das empresas brasileiras atingiu neste ano patamar recorde, com o custo da dívida corroendo a geração de caixa das empresas mais endividadas.

Estudo feito pela consultoria FTI ao jornal Valor Econômico mostra que o risco de calote das companhias atingiu, na média, 6,27%, o pior desempenho da série histórica que teve início em 2016. Conforme especialistas consultados, o reflexo já se mostra evidente no crescimento dos casos de reestruturação, o que é esperado para se estender para o início de 2025, diante do novo ciclo de aperto monetário que teve início na semana passada.

Segundo fontes consultadas pelo Valor Econômico, embora grandes casos de reestruturação já tenham acontecido, há ainda na mesa nomes relevantes que vão buscar negociação dos credores, muitos já impactados pelo novo aperto monetário.

A companhia aérea Azul é uma das empresas em negociação com credores e que precisa de entrada de capital novo ainda neste ano para ganhar fôlego financeiro. Para especialistas, o setor de varejo, que usualmente é muito sensível so cenário de juros, ainda deverá trazer novos casos de renegociação.

Na semana passada, Agrogalaxy foi mais uma companhia do setor do agronegócio a entrar em recuperação judicial. Procurada, a Azul preferiu não comentar. A Agrogalaxy também não se pronunciou.

O levantamento da FTI considerou para análise 34 empresas com dívida externa emitida (“bonds”), levando em conta para o cálculo também o indicador de risco Brasil, impacto cambial, mas excluindo empresas do setor de serviços financeiros. Não foram consideradas no estudo, todas as emissoras brasileiras, mas aquelas já com alguma percepção de risco, muitas vezes identificado pelo fato dos títulos de dívida serem negociados com algum desconto em relação ao valor de face do título.

Mesmo desconsiderando do estudo empresas que já estão em processo de reestruturação, incluindo recuperações judiciais e extrajudiciais recentes, o risco de inadimplência segue alto e fica em 4,29%, perdendo apenas do patamar de 2020, momento em que as empresas foram afetadas pela crise pandêmica, quando estava em 4,58%.

Luciano Lindemann, diretor da prática de finanças corporativas da FTI Consulting, aponta que, apesar de o levantamento considerar apenas as empresas com emissões de “bonds”, é possível interpretar que as demais empresas brasileiras também vivem o mesmo contexto de aumento de risco de inadimplência.

Diante desse cenário, segundo o executivo, é de se esperar que o número de reestruturações continue em curva crescente, visto que os juros retomaram o ciclo de alta no Brasil. Um alívio para as empresas, segundo Lindemann, começará a chegar com a queda da curva futura de juros.

Outro ponto que pode ajudar as empresas com dívida em dólar será uma desvalorização da moeda americana frente ao real, o que é esperado para ocorrer com a queda de juros nos Estados Unido. Um dos efeitos positivos aguardados é que o fluxo de capital externo retorno ao país com mais força, o que mexeria na taxa de câmbio.

Segundo o executivo da FTI, em 2016 o risco de calotes também estava maior por conta de uma crise vivida no País, com juros altos e inflação correndo o caixa das empresas. Mesmo naquele ano, no entanto, o risco estava em 3,10%, abaixo do que o atual. No intervalo entre 2017 e 2019, por outro lado, a queda de juros derrubou o risco, aponta.

Lindemann aponta que no momento em que se esperava uma queda maior de juros no Brasil, as empresas mais alavancadas acabaram segurando a decisão de reestruturação, buscando renegociar “waivers” (dispensa de cumprimento de cláusulas contratuais) com seus credores. Muitas dívidas possuem “covenants” (estabelecido em contratos na emissão de dívidas) limitando a alavancagem, no geral, em três vezes.

O responsável pela operação do banco de investimento da Houlihan Lokey no Brasil, Bruno Baratta, lembra que o componente taxa de câmbio afeta as empresas com dívida dolarizadas e que esse é um fator relevante a ser levado em conta quando se analisa as empresas com bonds emitidos. A maior onda de casos, segundo ele, já ocorreu, o que não significa que outros processos não possam ainda ser desencadeados.

Se analisar, do outro lado, as empresas com emissão local, o executivo lembra que muitas companhias se endividaram com a liquidez do mercado de renda fixa e que, com isso, o número de casos de reestruturação nos últimos doze meses, ante igual período anterior, aumentou. “Em algum momento no final do ano passado muita empresa passou a traçar um cenário benigno para 2024”, diz.

Caso o panorama esperado pelas companhias não se concretizando, existe a leitura de que a crise financeira de muitas empresas poderá se aprofundar. As informações são do jornal Valor Econômico.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Geral

Excesso de assessores e filmagem de rivais: postura da equipe de Pablo Marçal nos debates já vinha incomodando campanhas em São Paulo
Ao constatar que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram 3 bilhões de reais em apostas, governo e sociedade estão diante de uma tragédia social
https://www.osul.com.br/risco-de-inadimplencia-das-companhias-brasileiras-atinge-patamar-recorde/ Risco de inadimplência das companhias brasileiras atinge patamar recorde 2024-09-25
Deixe seu comentário
Pode te interessar