Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 23 de maio de 2023
Na nova autobiografia de Rita Lee lançada nesta semana, a cantora lamentou seu vício em cigarro e confessou ter chegado a fumar três maços e meio durante o período da pandemia de Covid-19. A cantora de 75 anos morreu no dia 9 de maio deste ano, vítima de um câncer de pulmão, diagnosticado em 2021. Especialistas afirmam que apenas um cigarro por dia já faz muito mal à saúde e pode, sim, desencadear tumores.
“A noia existencial e as notícias me faziam consumir três maços e meio por dia, daí batia a culpa por não estar me alimentando (…) ‘Amanhã eu como’, mentia pra mim mesma. E nessas virei uma caveira fumante, acendendo um cigarro depois do outro”, escreveu a cantora.
Não há nenhuma quantidade de cigarros considerada “segura” para a saúde. O tabagismo é a principal causa do câncer de pulmão, doença que acometeu Rita Lee. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco, afirma o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
“Nenhuma quantidade de tabaco pode ser considerada segura, muito pelo contrário. Costumo dizer que a liberação do tabagismo foi um erro histórico. Essa droga é muito prejudicial à saúde, causa vários tipos de câncer. Precisamos entender que o fumante, a partir do primeiro cigarro que ele coloca na boca, fica exposto a essas doenças”, alerta Andréa Reis, coordenadora do Programa Nacional de Controle do Tabagismo.
Segundo o Inca, “o tabagismo ativo e a exposição passiva à fumaça do tabaco estão relacionados ao desenvolvimento de aproximadamente 50 enfermidades, dentre as quais vários tipos de câncer, doenças do aparelho respiratório (enfisema pulmonar, bronquite crônica, asma, infecções respiratórias) e doenças cardiovasculares (angina, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, aneurismas, acidente vascular cerebral, tromboses)”.
O cigarro está associado aos seguintes tipos de câncer, de acordo com o Inca: Leucemia mieloide aguda, Câncer de bexiga, Câncer de pâncreas, Câncer de fígado, Câncer do colo do útero, Câncer de esôfago, Câncer nos rins, Câncer de laringe (cordas vocais), Câncer de pulmão, Câncer na cavidade oral (boca), Câncer de faringe (pescoço), Câncer de estômago.
O cigarro afeta o corpo de maneira uniforme, já que as substâncias existentes no tabaco, como a nicotina, entram na corrente sanguínea e se espalham pelo organismo.
“O cigarro tem inúmeras substâncias que são carcinógenos, provocando agressões nas células e tecidos. Esses danos, ao longo do tempo, provocam alterações no DNA das células, fazendo com que elas percam a capacidade de autocontrole e duplicação. Além disso, diz a especialista, essas substâncias também provocam alterações no nosso próprio sistema de reconhecer essas células sem controle, com dano em seu DNA”, explica Mariana Laloni, oncologista do Grupo Oncoclínicas.
De acordo com o cardiologista Roberto Kalil o cigarro aumenta em 30% o risco de infarto. Estudos científicos mostram que fumar gera uma série de mudanças no corpo apenas 30 minutos depois de usar o cigarro: a pressão arterial aumenta, assim como a frequência cardíaca; há liberação de radicais livres e uma disfunção da parede das artérias, prejudicando a circulação sanguínea.
Dados do Inca apontam que fumar aumenta o risco de desenvolver doença coronariana e de sofrer um acidente vascular cerebral em 2 a 4 vezes.
A melhor forma de reduzir os riscos associados ao tabagismo é parando de fumar. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um programa de tratamento contra a dependência do cigarro. Os especialistas orientam procurar a unidade de saúde mais próxima e pedir ajuda.