O rover lunar da Índia confirmou a presença de enxofre, oxigênio e vários outros elementos perto do polo sul lunar, enquanto procura sinais de água congelada, quase uma semana após seu histórico pouso na Lua, disse a agência espacial indiana.
O espectroscópio induzido por laser do rover detectou alumínio, ferro, cálcio, cromo, titânio, manganês, oxigênio e silício na superfície lunar, disse a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (Isro, na sigla em inglês), em publicação no seu site. Apesar de chamar a atenção, a detecção de oxigênio na Lua não é novidade. Há anos é sabido que a área é rica nesse elemento, mas não está disponível na atmosfera; ele está preso a rochas da superfície.
O veículo espacial lunar desceu uma rampa do módulo de pouso da espaçonave indiana na quarta-feira da semana passada perto do polo sul da lua. Espera-se que o Rover Chandrayan-3 conduza experimentos durante 14 dias. Ele “confirma inequivocamente a presença de enxofre”, informou a Isro. O equipamento também está procurando sinais de água congelada que possa ajudar futuras missões de astronautas, como uma fonte potencial de água potável ou para produzir combustível para foguetes.
O rover ainda estudará a atmosfera da Lua e a atividade sísmica, disse o presidente da organização, S. Somnath. Na segunda-feira, a rota do rover foi reprogramada quando chegou perto de uma cratera de 4 metros de largura. “Agora está se deslocando com segurança para um novo caminho”, afirmou a Isro. O robô se move a uma velocidade lenta, de cerca de 10 centímetros (4 polegadas) por segundo para minimizar choques e danos ao veículo causados pelo terreno acidentado da Lua.
Depois de uma tentativa fracassada de pousar no satélite natural em 2019, a Índia juntou-se na semana passada aos Estados Unidos, à União Soviética e à China na exploração lunar. A missão bem-sucedida mostra a crescente posição da Índia como potência tecnológica e espacial e enquadra-se na imagem que o primeiro-ministro Narendra Modi tenta projetar: um país em ascensão que afirma o seu lugar entre a elite global. A missão começou há mais de um mês com um custo estimado de US$ 75 milhões.
O sucesso da Índia veio poucos dias depois de o Luna-25, da Rússia, que tinha como alvo a mesma região lunar, entrar numa órbita descontrolada e cair. Teria sido o primeiro pouso lunar russo bem-sucedido após um intervalo de 47 anos. O chefe da empresa espacial russa Roscosmos atribuiu o fracasso à falta de conhecimentos especializados pela longa pausa na investigação que se seguiu à missão de 1976.
Ativa desde a década de 1960, a Índia lançou satélites para si e para outros países, e colocou com sucesso um na órbita de Marte em 2014. A Índia também planeja sua primeira missão à Estação Espacial Internacional no próximo ano, em colaboração com os Estados Unidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e de agências internacionais de notícias.