Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 14 de dezembro de 2015
Pode até parecer filme de ficção científica, mas já é realidade: robôs estão fazendo cirurgias médicas em casos de endometriose, em redes públicas e particulares no País.
A doença, que atinge cerca de 7 milhões de brasileiras segundo a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), acontece quando o tecido que reveste a parte interna do útero, o endométrio, cresce em outros órgãos, como ovários e intestino, por exemplo. Para retirar os focos de endométrio, as pinças robóticas entram no abdômen da paciente, controladas por um cirurgião.
“A cirurgia é mais precisa, porque o robô não treme, nem se cansa”, diz o ginecologista Claudio Crispi, coordenador da Campanha de Esclarecimentos sobre a Endometriose.
O retorno da fertilidade, que pode ser afetada pela doença, é de até 70% após a realização da cirurgia, afirma Claudio. Além disso, o processo facilita a recuperação da mulher, já que é menos invasivo que a cirurgia tradicional.
“O procedimento com robôs não abre a barriga da mulher e, em um dia, ela já está liberada”, explica o médico, que informa que a cirurgia já é feita pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Sem auxílio de robôs, a alternativa é a cirurgia de videolaparoscopia, que também alcança resultados positivos: as pacientes aumentam em 50% as chances de gravidez nos seis meses após a operação, destaca o ginecologista Renato de Oliveira. “É essencial descobrir a doença cedo, para aliviar os sintomas e para aumentar as possibilidades de gravidez”, aponta.
Medicação.
A cirurgia não é a única forma de tratamento para a endometriose: na maioria dos casos, é recomendado o uso de medicamentos.
“É possível usar métodos contraceptivos para controlar a menstruação, como pílula anticoncepcional ou DIU [Dispositivo Intrauterino]”, esclarece Oliveira. Ele ainda acrescenta: “A cirurgia é mais recomendada para mulheres que querem ter filhos, já que a operação não impede que, depois de alguns anos, o endométrio ressurja em outros órgãos”.
O tratamento pode variar de acordo com a paciente, diz Márcio Coslovsky, especialista em reprodução humana. “Se a mulher tiver mais de 40 anos e quiser ter filho, por exemplo, é melhor fazer o processo de fertilização in vitro do que a cirurgia”.
Diagnóstico correto somente com cirurgia.
O diagnóstico da doença pode ser dado através de suspeita clínica – isto é, pelos sintomas –, ultrassom com preparo intestinal, ultrassom simples, ressonância magnética ou pela cirurgia.
“O diagnóstico de certeza, contudo, só pode ser descoberto através da operação”, afirma Oliveira. (AG)