Robôs que resgatam vítimas, espionam inimigos e até jogam uma partida de futebol. A inteligência artificial já não está só nos livros de ficção científica. O futuro chegou – no filme “De Volta para o Futuro”, de 1985, o protagonista Marty Mcfly viaja pelo tempo e aterrissa em 2015. Fio condutor de inúmeras obras futuristas, a convivência entre robôs e seres humanos é uma realidade, com seus benefícios e riscos.
A polêmica foi reacendida após a morte de um funcionário em uma fábrica da Volkswagen, na Alemanha. O jovem, de 22 anos, foi esmagado contra uma placa de metal por um robô. Investigadores apuram se houve negligência da empresa ou erro humano.
Para o engenheiro eletrônico Arídio Schiappacassa, que lidera equipes de robótica em competições nacionais e internacionais, o caso da Alemanha não passou de um acidente de trabalho. Mas alerta: como qualquer tecnologia, a inteligência artificial pode ser usada para o bem ou para o mal.
“Robôs não são seres pensantes. Mas podem ter autonomia se forem programados para isso. É o caso dos aviões submarinos não tripulados de espionagem”, garante.
Aplicações mais triviais da tecnologia dão conforto ao ser humano, que já dispõe de robôs até para servir bebidas e limpar e encerar o chão, no melhor estilo Rosie, a doméstica superprogramada do desenho “Os Jetsons”. Do lazer para esporte, é um pulo, quer dizer um clique. A robótica já ganhou luta de sumô e até Copa do Mundo com status de evento científico.
Em 2014, dias após ser goleado pela Alemanha na Copa por 7 a 1, o Brasil repetiu o vexame no Mundial de Robôs: as máquinas alemãs venceram as brasileiras por 11 a 1 no futebol. A meta das seleções de cientistas da RoboCup é, até 2050, promover uma disputa entre máquinas e seres humanos.
Mas é nos campos de guerra que a robótica tem sido mais aplicada. Em junho, um ataque americano com drones matou o líder da al-Qaeda na Península Arábica. Não por acaso, órgãos militares são os principais patrocinadores de pesquisas, diz o professor de Ciências Matemáticas e de Computação Fernando Osório.
“A maior parte dos avanços se origina da demanda militar, passa para a universidade e volta para a sociedade com aplicação civil. O carro do Google [sem piloto] surgiu após uma competição em que o desafio era projetar um veículo não tripulado para andar no deserto”, conta.
Apesar da máxima de Isaac Asimov, pai da ficção científica, de que robôs nunca podem ferir um ser humano (é a primeira lei da robótica, de 1950), o convívio entre máquinas e pessoas nem sempre é pacífico. Por isso, em uma fábrica da Volkswagen no Brasil, os operários não podem entrar nos locais onde há robôs, que participam das etapas de solda, pintura e colagem de peças. “A área é cercada por telas e, se você abrir, sensores fazem com que o robô imediatamente pare de funcionar”, explica Marcelo Vidal, gerente de manufatura da MAN Latin America. (AG)