Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de setembro de 2019
Ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot disse nesta quinta-feira (26) que entrou uma vez no STF (Supremo Tribunal Federal) armado com uma pistola com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes, por causa de insinuações que ele fizera sobre sua filha em 2017. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
O ex-procurador narra o episódio no livro de memórias que está lançando neste mês, sem nomear Mendes, mas confirmou sua identidade ao ser questionado em uma entrevista nesta quinta-feira. “Tenho uma dificuldade enorme de pronunciar o nome desta pessoa”, disse.
Em maio de 2017, como procurador-geral, Janot pediu a suspeição Gilmar Mendes em casos do empresário Eike Batista, que se tornara alvo da Operação Lava-Jato e era defendido pelo escritório de advocacia do qual a mulher do ministro, Guiomar Feitosa Mendes, é sócia.
O ministro do STF reagiu na época levantando suspeitas sobre a atuação da filha do procurador, Letícia Ladeira Monteiro de Barros, que é advogada e representara a empreiteira OAS no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
“Em um dos momentos de dor aguda, de ira cega, botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com minha filha”, disse Janot no livro.
“Só não houve o gesto extremo porque, no instante decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não.” Na entrevista, ele disse que seu plano era matar Gilmar Mendes antes do início da sessão no plenário do STF. “Na antessala, onde eu o encontraria antes da sessão”, afirmou. O ex-procurador disse que não entrou no plenário do tribunal armado.
Em entrevistas à revista Veja e ao jornal O Estado de S. Paulo, Janot acrescentou que pretendia se suicidar depois de matar Gilmar Mendes. Segundo o relato do ex-procurador, que se aposentou em abril deste ano e voltou à advocacia, o episódio ocorreu perto do fim do seu segundo mandato à frente da PGR (Procuradoria-Geral da República), que ele chefiou por quatro anos.
Em seu livro de memórias, “Nada Menos que Tudo” (Planeta), escrito com a colaboração dos jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, Janot faz um balanço de sua atuação à frente da Operação Lava-Jato e rebate as críticas que recebeu durante sua atribulada gestão.