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Por Redação O Sul | 24 de janeiro de 2018
No exercício da presidência da República, já que Michel Temer está na Suíça, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, contrariou a recomendação do governo de manter “silêncio” sobre o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula de Silva e divulgou uma nota oficial para comentar a condenação. Apesar de na assinatura Maia se colocar como presidente da Câmara, o documento foi divulgado pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
“Construí minha carreira combatendo, no campo da política, as teses defendidas pelo ex-presidente Lula e pelo PT. Ainda assim, quem tem responsabilidade pública, em qualquer Nação, não pode estar celebrando o dia de hoje”, disse.
Tido como pré-candidato à eleição presidencial, Maia afirmou ainda que apesar da condenação ter sido confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, “na política, o melhor foro de enfrentamento de teses diferentes é a campanha eleitoral”. “Nela, o veredicto é dado pelas urnas. Mas a campanha não começou, e quem se pronunciou hoje foi o Poder Judiciário. É necessário ouvi-lo e respeitá-lo”, afirmou.
Maia destacou ainda que o resultado do julgamento mostra que o Brasil é uma democracia madura onde as instituições funcionam plenamente. “Toda e qualquer manifestação em relação à sentença proferida, em Porto Alegre, deve respeitar a ordem institucional. Tenho certeza que o Brasil seguirá pacificamente rumo à superação”, completou.
Durante todo o dia, auxiliares próximos do presidente Michel Temer diziam que a ordem era não comentar o julgamento e que não havia sentido o governo se posicionar sobre o caso.
Maia e o Bolsa Família
Maia já declarou que o Bolsa Família não é um “bom programa social” por não ter mecanismos que permitam a independência de seus beneficiários. Maia disse que o programa implementado no governo do ex-presidente Lula “escraviza” as pessoas.
“Criar um programa para escravizar as pessoas não é um bom programa social. O programa bom é onde você inclui a pessoa e dá condições para que ela volte à sociedade e possa, com suas próprias pernas, conseguir um emprego”, disse.
Maia afirmou ainda que o Bolsa Família gera “dependência” por não criar uma “porta de saída” aos beneficiários. “Essa dependência atrela as pessoas ao Estado”. “Como é que você dá condições para o cidadão pobre brasileiro, que depende do Bolsa Família? Que o filho dele tenha uma condição de escolaridade, uma condição de saúde, cursos profissionalizantes para que ele possa sair da dependência e possa gerar sua própria renda”, enumerou.
Maia ainda classificou o Bolsa Família como um programa “liberal”, e não de esquerda, mas criticou a maneira como ele foi implementado pelo PT. “É engraçado que o Brasil cresceu tanto no governo do PT e o número de pessoas dependentes do Bolsa Família aumentou. Tem alguma coisa errada. Se o Brasil está ficando mais rico, por que há mais pessoas pobres dependentes do Bolsa Família? Essa era uma distorção grande”, disse.