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Política Romário vaiado, revolta dos “sem pulseira” e discursos vetados pelo calor: bastidores do ato bolsonarista em Copacabana

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Ex-presidente reuniu pouco mais de 30 mil apoiadores na orla carioca na manhã de domingo (21). (Foto: Reprodução de TV)

A Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio, recebeu, no domingo (21), uma manifestação convocada por Jair Bolsonaro (PL). O ato reuniu quase 33 mil apoiadores do ex-presidente — segundo cálculo do grupo de pesquisa “Monitor do debate político”, da USP — e teve discursos de diferentes personagens, como o próprio ex-mandatário, sua mulher Michelle Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia, entre outros.

Sobre o trio elétrico, um dos nomes mais lembrados foi o do bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), que desde o início do mês vem tecendo sucessivos ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Nos bastidores do encontro, porém, foram outros detalhes que chamaram atenção. Confira alguns a seguir.

Força-tarefa

O ato bolsonarista precisou incluir uma estratégia para que investigados por supostas investidas antidemocráticas não se cruzassem na orla carioca. Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o general Walter Braga Netto, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro e o dirigente do PL, Valdemar Costa Neto, estão impedidos de manter qualquer tipo de contato.

Repetindo expediente utilizado há dois meses, durante manifestação similar em São Paulo, Braga Netto passou pelo local antes mesmo do início formal do evento, previsto para 10h, e falou rapidamente ao público já presente. Ele não quis conversas com jornalistas. No cronograma dos organizadores, a participação do general estava marcada para 8h30, antes mesmo de ser aberta a transmissão ao vivo pela internet, a partir das 9h.

“Agradeço a vocês o carinho com o presidente Bolsonaro e comigo. Continuamos na luta pelo Brasil. Muito obrigada a todos vocês. Tenho que sair”, disse Braga Netto.

Pouco depois, já com o general distante, foi a vez do pronunciamento de Valdemar:

“A única coisa que eu fico triste é de não poder ficar junto com o Bolsonaro”, disse Valdemar logo após sua rápida participação, em que se limitou a apresentar políticos do PL.

Vaias

Quando Valdemar Costa Neto estava no trio elétrico, ele citou nominalmente algumas figuras da política fluminense que hoje integram os quadros do PL. Entre elas, o senador Romário, que, mesmo ausente, foi vaiado pelo público.

“O PL mais forte do Brasil é no Rio de Janeiro, Bolsonaro vota no Rio de Janeiro, Michelle, Cláudio Castro, Flávio Bolsonaro. Romário, esse grande jogador”, elencou o presidente da sigla, diante de reação negativa do público.

A reação está ligada à postura do ex-jogador no Congresso Nacional, nem sempre alinhada ao núcleo duro do bolsonarismo. Em 2022, na campanha que o reconduziu ao Senado, Romário chegou a esconder o então presidente e candidato à reeleição de seus santinhos.

Nas redes sociais, o senador postou fotos em um evento esportivo no estado de Goiás ao longo do fim de semana. No registro mais recente, no entanto, ele aparece ao lado do ator Caio Castro em uma festa à fantasia, vestido como policial ao lado de amigos, com a cidade de Goiânia marcada como localização.

“Sem pulseira”

Na barreira montada na esquina da Rua Bolívar com a Domingos Ferreira, um tumulto foi formado após faltarem pulseiras para credenciamento de autoridades que desejavam acesso privilegiado ao ato. No local, os presentes apelavam pela liberação entoando seus cargos no partido, mostrando e-mails trocados e até se declarando como pré-candidatos.

No entanto, poucos foram liberados sem a pulseira no pulso. Segundo a organização, não havia, àquela altura, previsão de chegada de novas credenciais. A orientação, então, era pelo acesso ao evento como o público em geral, pelas laterais, o que desagradou a quem apostava em algum tipo de tratamento diferenciado para ingressar na manifestação.

A barreira só foi desmontada após ter que ser aberta às pressas para o socorro a um homem que passou mal. A segurança também considerou que as principais autoridades já haviam chegado ao evento e decidiu encerrar o controle de acesso.

Sem governadores 

Os únicos governadores que compareceram ao ato foram Cláudio Castro (PL), do Rio, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, que não discursaram. Entre os que estavam previstos, a ausência mais notada foi a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que ainda assim ganhou elogios de Bolsonaro.

“Quem é Tarcísio de Freitas? Um jovem militar formado na mesma academia que a minha, a das Agulhas Negras. E o Tarcísio de Freitas carioca, torcendo para o Flamengo, se candidatou em São Paulo e ganhou.”

Outras baixas no Rio entre os que estavam no ato de fevereiro, na Avenida Paulista, foram Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás.

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