Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de maio de 2023
Segundo dados da Aliança de Produtores de Filmes e TV, a greve pode afetar cerca de 600 produções para cinema.
Foto: ReproduçãoOs roteiristas de cinema e televisão de Hollywood decidiram que vão entrar em greve, anunciou o sindicato da categoria depois que as negociações com estúdios e plataformas de streaming sobre salários e outras condições terminaram sem acordo.
Os membros do conselho do Writers Guild of America (WGA) “agindo de acordo com a autoridade que lhes foi conferida por seus membros, votaram unanimemente para entrar em greve.”
Segundo dados da Aliança de Produtores de Filmes e TV, que representa os estúdios na negociação, a greve pode afetar cerca de 600 produções para cinema, TV e streaming, além de poder gerar a perde de até 20 mil postos de trabalho em toda a indústria. De imediado, os programas de entrevistas exibidos pela TV americana, os famosos “talk shows” serão os primeiros a serem afetados e já devem sair do ar imediatamente. Apresentadores como Stephen Colbert, Jimmy Kimmel e Seth Meyers já se manifestaram em apoio aos roteiristas.
Sobre a greve, a AMPTP se manifestou dizendo que os estúdios fizeram um generoso pacote de propostas, mas que seguem abertos a negociações. “Os estúdios seguem unidos no desejo de chegar a um acordo que seja mutualmente beneficiário aos roteiristas e à saúde de longevidade da indústria, para evitar que os milhares de trabalhadores que dependem da mesma sejam afetados”, disse a AMPTP em comunicado oficial.
Os roteiristas defendem a necessidade de se adequar os acordos comerciais e trabalhistas aos novos tempos da indústria, muito modificada em razão do streaming. Segundo o jornal LA Times, cerca de 30% dos roteiristas recebiam o salário mínimo permitido pelo sindicato em 2013. Hoje, 10 anos depois, a porcentagem ultrapassa a casa dos 50%.
O WGA também alega que o novo modelo de séries adotado pelos estúdios fez com que o salário anual médio do roteirista fosse afetado. Se há alguns anos, cada temporada de série tinha uma média de 20 episódios, hoje a média está entre oito e dez, o que representa menos tempo de trabalho para os profissionais. Outra reclamação é que as companhias começaram a investir em minisalas de roteiristas, que contam com menos profissionais e duram menos tempo, isolando os profissionais de boa parte do processo de produção.
Segundo o sindicato, sem reajustes desde 2018, o salário médio do roteirista americana desvalorizou 14% por causa da inflação nos últimos cinco anos. O WGA também quer discutir o futuro impacto da inteligência artificial na profissão de roteirista.
Já os estúdios defendem que este não é o melhor momento para grandes mudanças nos acordos trabalhistas, com a indústria ainda se recuperando da pandemia e com as principais plataformas de streaming passando por dificuldades. A Disney está em processo de demitir até sete mil funcionários, enquanto que a Warner Bros. Discovery, além de demitir milhares de pessoas, cancelou diversas produções em andamento para tentar equalizar um empréstimo de cerca de US$ 50 bilhões.
Executivos acreditam que a greve pode ser muito prejudicial para a indústria, mas que os estúdios, especialmente as plataformas de streaming, estão mais preparadas para sobreviver. Muitas das plataformas investe em produções não roteirizadas, como reality shows. Além disso, a greve não afeta as séries internacionais, que não estão sob contrato com o WGA. Assim, serviços como o da Netflix, com vasta produções internacional, pode ser menos afetado.