Sexta-feira, 15 de novembro de 2024

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Colunistas Rotina sinistra

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(Foto: Lauro Alves/Secom)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Aceitemos o fato: o mundo mudou, o aquecimento global é uma dura realidade, as mudanças climáticas vieram para ficar. Não dá mais para passar o pano nos ciclones e furacões, secas, enxurradas, tsunamis e terremotos que agora acontecem como uma rotina sinistra e cada vez mais assustadora.

As construções dos homens – as barragens, os armazéns, as pontes e elevados, as estradas, tudo se revela de uma fragilidade que ninguém seria capaz de antever. Agora, tudo parece feito de papelão. Mais do que nunca – mas com outro sentido e em outro contexto – tudo que é sólido desmancha no ar. Ou nas águas, como queiram.

Os avisos vêm de longe no tempo. Os primeiros a ver os sinais e soar o alarma eram vistos como aqueles falsos profetas que andavam de cidade em cidade dizendo que o mundo estaria para acabar. Mas desta vez a coisa não é para aqueles loucos inofensivos, cujas profecias eram o resultado de alguma perturbação mental.

Agora, as advertências vêm dos cientistas , de observadores acurados da natureza e das mudanças em curso: não, os homens não podem transgredir todos os limites, violar a ordem natural, mesmo que a pretexto de assegurar a sua subsistência, ou alimentar os seus sonhos de progresso e grandeza. Não, não dá para botar abaixo as florestas, poluir rios e oceanos, infestar o ar de impurezas.

O mais alarmante, durante muito tempo, foi constatar que a humanidade, a sua parte mais próspera, a que mais se orgulhava de suas realizações, era justamente a que mais desprezava os sinais, os avisos. Financiavam estudos para demonstrar que não era para tanto e que o homem encontraria soluções para as ameaças que se acumulavam no horizonte.

A ecologia, a preservação ambiental, sem embargo de certos exageros, eram vistas como obstáculo ao progresso, coisa de intelectuais, um desvio acadêmico, uma nova abordagem da esquerda, forma nova de combater o capitalismo. Na outra ponta, viam-nas como um modo oportunista de fazer dinheiro, uma forma embusteira de negócio.

Existe muita gente dizendo que já chegamos ao ponto de não retorno, e que não há mais nada a fazer. Os profetas do fim do mundo se enganaram quando ao modo de o mundo acabar – não seria de uma só vez, uma explosão única, mas através de uma sucessão inexorável de eventos climáticos, e o planeta, animal ferido, reagindo em fúria como no Rio Grande.

Os homens até que têm esboçado uma certa resistência – a busca frenética de energias limpas, as regulações preservacionistas, duro combate à poluição, ideias (e negócios) como o sequestro de carbono. Não é justo dizer que o mundo não está levando o assunto a sério. Mas a verdade é que há uma discrepância entre a velocidade das ações ambientais e preservacionistas e a frequência e a intensidade dos desastres naturais,

Ainda há tempo para recuperar o tempo perdido, reverter o estrago? Não sabemos. Mas sabemos que no planeta vive todo tipo de gente, inclusive aqueles dispostos a viver no limite e pagar para ver. Gente como Putin ou como do Hamas, que do nada saem pelo mundo invadindo, atirando, matando inocentes, imaginando que da insanidade possa resultar alguma coisa boa para a humanidade.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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