O Rio Grande do Sul contará com uma coordenadoria especializada de investigação e combate aos crimes no campo. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (29) pelo vice-governador e secretário da Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior, em coletiva de imprensa realizada na sede da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), na Expointer, em Esteio.
A ação tem apoio da Febrac, da Federação da Agricultura do RS (Farsul) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag).
Acompanhado das autoridades policiais do Estado e das principais lideranças do agronegócio, Ranolfo destacou a importância da iniciativa. “Essa reunião dialoga com a premissa do governo, que é a integração. Queremos levar a segurança pública da cidade ao campo e do campo à cidade. Ou seja, nenhuma área do Estado pode ficar descoberta”, pontuou.
Para o presidente da Febrac, Leonardo Lamachia, o combate à crimes agropecuários precisa desse tipo de atenção do poder público. “É uma bandeira das três entidades e que a Farsul e a Fetag já estão trabalhando. Nos últimos dois anos, nós da Febrac assumimos e colocamos como prioridade na nossa gestão esta bandeira, juntamente com o deputado Sérgio Turra”, lembrou.
De acordo com Lamachia, o problema do crime no campo é recorrente. “O Rio Grande do Sul é o berço da genética do Brasil, o que melhor existe de genética é exportado por nós, gaúchos. É inadmissível que vacas e touros premiados na Expointer já tenham sido carneados no campo, vítimas desse crime”, pontuou o presidente da Federação.
A chefe de polícia, Nadine Anflor, foi quem apresentou o projeto que, segunda ela, trará mais agilidade nas investigações, especialmente as de crime de abigeato. “Essa coordenadoria atuará como força-tarefa integrada com as patrulhas de Brigada Militar para apurar, identificar a autoria dos crimes e combater as organizações criminosas”, frisou.
O projeto contará com a coordenação do delegado André de Matos Mendes, da Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais (Decrab) de Bagé. O objetivo, explica ele, é replicar o formato de trabalho adotado na sua unidade para as demais e evitar a ação do crime organizado por meio de mão de obra especializada.
Com isso, as Decrabs do RS passarão a trabalhar de forma integrada e com atuação em diversas regiões do Estado, e não apenas em âmbito regional. Atualmente, há três delegacias especializadas em crimes rurais em ação (Bagé, Santiago e Cruz Alta). Em 16 de setembro será inaugurada a quarta em Camaquã.
Até o fim do próximo mês, também deve ser inaugurado um cartório para registro especializado em abigeato em Montenegro, região onde vêm sendo registrados casos frequentes. Toda a estrutura ficará subordinada à nova coordenadoria.
O abigeato é um crime frequente no RS, com ocorrências próximas a 6 mil por ano. Estimativas indicam que apenas 19 municípios concentram 50% dos casos de abigeato registrados no Rio Grande do Sul. O ápice do problema foi registrado em 2016, quando mais de 9 mil casos foram reportados. Na época, foi criada força-tarefa para conter a ação das quadrilhas que atuavam em roubo de gado e de bens, e o número de ocorrência, desde então, vem caindo cerca de 30% ao ano. Foram mais de 40 quadrilhas desarticuladas desde então. Em 2019, a expectativa é que a repressão ao crime no campo tenha redução acima desse percentual, estimou Mendes.