Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2022
A Rússia reivindicou neste domingo (3) a ocupação total da província Luhansk, no Leste da Ucrânia, depois de assumir o controle de Lysychansk, a última grande cidade da região onde ainda havia combates com as forças ucranianas. Se confirmada a conquista de Luhansk, onde desde 2014 atuam separatistas pró-Moscou, é a maior vitória dos russos na guerra iniciada em 24 de fevereiro.
A tomada da província foi anunciada pela manhã pelo ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu. Ele “informou o comandante das Forças Armadas russas, Vladimir Putin, sobre a libertação da República Popular de Luhansk”, de acordo com uma nota do ministério. Além de Lysychansk, a nota informou que as forças russas ocuparam outras cidades próximas, como Novodroujesk, Maloriazantsevo e Belaya Gora. Dois dias antes de iniciar a invasão, Moscou havia reconhecido a independência de Luhansk e Donetsk, as duas províncias russófonas da Ucrânia que formam a região de Donbass.
Horas depois, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, confirmou a perda do controle de Lysychansk, mas prometeu retomar a cidade.
“Nós protegemos a vida de nossos soldados e do nosso povo. Reconstruiremos os edifícios e reconquistaremos a terra e isso vale também para Lysychansk. Voltaremos graças às nossas táticas, com o aumento do fornecimento de armas modernas [pelos países aliados de Kiev]”, disse Zelensky em pronunciamento na TV.
Mais cedo, em entrevista, ele foi ambíguo sobre o controle de toda Luhansk pelos russos. “Há riscos de que a toda Luhansk seja ocupada, isso é compreensível. Mas é preciso entender que a situação muda a cada dia.”
Em comunicado, o Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas afirmou que tomou a decisão de se retirar de Lysychansk “para preservar a vida dos defensores ucranianos”: “Dadas as condições de superioridade múltipla das tropas russas em artilharia, força aérea, lançadores de mísseis, munições e pessoal, continuar a defesa da cidade teria consequências fatais”, afirmou o texto.
Na manhã deste domingo, o governador ucraniano de Luhansk, Sergei Gaidai, já havia dado a entender que as forças ucranianas estavam perdendo terreno em Lysychansk, onde viviam 100 mil habitantes antes da guerra. “Os russos estão se entrincheirando em um distrito de Lysychansk, a cidade está pegando fogo”, disse Gaidai no Telegram. “Eles estão atacando a cidade com táticas brutais”, acrescentou.
Na semana passada, a Rússia havia assumido o controle da cidade de Severodonetsk, vizinha a Lysychansk. A conquista de Lysychansk permite que as tropas russas avancem em direção às cidades de Sloviansk e Kramatorsk, na vizinha Donetsk, praticamente garantindo o controle também dessa segunda província.
Neste domingo, houve intenso bombardeio em Sloviansk, que deixou seis mortos e 15 feridos, entre eles, uma criança, anunciou o prefeito da cidade sitiada pelo Exército russo. Bombas caíram em propriedades residenciais na cidade no sábado, matando uma mulher em seu jardim e ferindo seu marido, disse um morador à AFP.
“Disparos com vários lançadores de foguetes, o mais forte em muito tempo. Há 15 incêndios. Muitos mortos e feridos”, disse o prefeito, Vadim Liakh, em um vídeo postado no Facebook.
Na pequena cidade de Siversk, também em Donetsk, um morador disse à AFP que “os bombardeios continuam dia e noite”. Duas pessoas morreram e três ficaram feridas, incluindo duas crianças, em um ataque à cidade de Dobropillya, na mesma província.
Depois de uma ofensiva fracassada contra Kiev no início da guerra, a Rússia anunciou em março que concentraria seus esforços bélicos na região de Donbass. O objetivo é assumir o controle da área e consolidar um corredor terrestre entre o Leste o Sul da Ucrânia, próximo à Península da Crimeia, que foi anexada por Moscou também em 2014, após a ascensão de um governo pró-Ocidente em Kiev.
Explosões em território russo
Neste domingo, a Rússia também acusou Kiev de lançar mísseis contra a cidade russa de Belgorod, perto da fronteira entre os dois países.
“As defesas antiaéreas russas derrubaram três mísseis Totchka-U lançados por nacionalistas ucranianos contra Belgorod. Após a destruição dos mísseis ucranianos, os restos de um deles caíram sobre uma casa”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
O governador da região, Viacheslav Gladkov, já havia anunciado anteriormente a morte de pelo menos três pessoas em fortes explosões na cidade. As explosões também deixaram quatro feridos, danificaram 11 prédios residenciais e 39 casas, disse Gladkov no Telegram.
Desde o início da ofensiva da guerra, o governo russo acusou repetidamente as forças ucranianas de realizar ataques em solo russo, especialmente na região de Belgorod. No início de abril, o governador Gladkov disse que a Ucrânia atacou um depósito de combustível em Belgorod com dois helicópteros. As informações são da agência de notícias AFP.