Segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 20 de março de 2022
As Forças Armadas russas deram um ultimato, neste domingo (20), para que os militares ucranianos se rendam na cidade de Mariupol. Segundo o general Mikhail Mizintsev, a Ucrânia tem até as 5h da manhã desta segunda-feira para responder à oferta, que inclui também a formação de corredores humanitários para permitir a saída de civis para fora da cidade.
“Abaixem suas armas. Uma terrível catástrofe humanitária está acontecendo. Todos os que abaixarem as armas têm a garantia de uma passagem segura para fora de Mariupol”, disse Mizintsev, diretor do Centro Nacional Russo de Gerenciamento de Defesa, em nota distribuída pelo Ministério da Defesa.
Mariupol tem sido alvo de intensos bombardeios desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro. Muitos de seus 400 mil moradores permanecem presos na cidade com pouca ou nenhuma comida, água e energia.
Segundo Mizintsev, corredores humanitários seriam abertos a oeste e leste de Mariupol, permitindo que civis deixassem a cidade.
De acordo com as autoridades ucranianas, Forças russas bombardearam uma escola de arte na cidade portuária ucraniana de Mariupol onde cerca de 400 moradores se abrigavam. A Rússia tem culpado o Batalhão Azov, formado por extremistas de direita ucranianos e hoje parte da Guarda Nacional do país, por ataques a civis na cidade. Ontem, afirmou que eles são responsáveis pela “catástrofe humanitária” em Mariupol.
Mariupol tem uma importância estratégica no mapa. Se a cidade cair, isso criaria um corredor terrestre contriolado pela Rússia entre a Península da Crimeia e as regiões de Luhansk e Donetsk, no Leste, controladas por separatistas apoiados pela Rússia.
EUA
Relatos de que milhares de moradores da cidade portuária sitiada de Mariupol, na Ucrânia, foram deportados à força para a Rússia são “perturbadores” e “inconcebíveis” se verdadeiros, disse a embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, neste domingo.
Falando no programa “Estado da União” da CNN, Thomas-Greenfield disse que os Estados Unidos ainda não confirmaram as alegações feitas no sábado pelo conselho da cidade de Mariupol por meio de seu canal Telegram.
“Eu só ouvi. Não posso confirmar”, disse ela. “Mas posso dizer que é perturbador. É inconcebível para a Rússia forçar cidadãos ucranianos a entrar na Rússia e colocá-los no que basicamente serão campos de concentração e de prisioneiros.”
No sábado, Pyotr Andriuschenko, assistente do prefeito de Mariupol, acusou as forças russas de levaram entre 4.000 e 4.500 moradores a força pela fronteira russo em direção a Taganrog. Seu temor, disse, era que esses civis estivessem sendo levados para a realização de trabalhos forçados. As acusações não puderam ser confirmados por veículos de mídia independentes.
No entanto, no domingo, a porta-voz de direitos humanos da Ucrânia, Lyudmyla Denisova, repetiu as afirmações. “Nos últimos dias, vários milhares de moradores de Mariupol foram deportados para a Rússia”, escreveu Denisova em seu canal no Telegram. Segundo ela, a maioria desses cidadãos estavam abrigados no ginásio de esportes da cidade durante os intensos bombardeios quando foram levados.
“Sabe-se que os moradores de Mariupol capturados foram levados para campos de triagem, onde os ocupantes checaram os telefones e documentos das pessoas. Após a inspeção, alguns moradores de Mariupol foram transportados para Taganrog e de lá enviados de trem para várias cidades economicamente deprimidas na Rússia.”
Segundo ela, os cidadãos ucranianos receberam “papéis emitidos que exigem que eles estejam em uma determinada cidade. Eles não têm o direito sair de lá por pelo menos dois anos, com a obrigação de trabalhar no local de trabalho especificado. O destino dos outros permanece desconhecido.”
A mídia estatal russa fala em “refugiados” chegando à Rússia desde Mariupol, mas Denisova chamou a ação de “sequestro” e lembrou que “o rapto e o deslocamento forçado dos territórios ocupados constituem uma violação grave dos artigos 3º e 34º da Convenção de Genebra, além do artigo 9º do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e do artigo 5º do Convenção Europeia dos Direitos Humanos.”