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Rússia diz que ida de Zelensky a Washington é prova de que EUA lutam “guerra indireta”

Putin, ex-agente da KGB, fracassou em antecipar prisões de espiões. (Foto: Sputnik/Andrey Gorshkov/Kremlin)

O Kremlin afirmou que a visita do presidente ucraniano Volodimir Zelensky aos Estados Unidos é uma prova de que Washington vem travando uma “guerra indireta e por procuração” contra a Rússia.

Foi a primeira vez que a Rússia se manifestou sobre a viagem inédita de Zelensky a Washington, na quarta-feira (21). Em sua primeira viagem internacional desde o início da invasão, Zelensky foi tratado como um herói em Washington, onde se encontrou com Joe Biden na Casa Branca e fez um discurso aplaudido perante o Congresso.

O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse achar que o discurso de Zelensky reflete que nem ele nem os Estados Unidos têm intenção de “ouvir a Rússia”.

“Até agora, podemos observar com pesar que nem o presidente (americano Joe) Biden nem o presidente Zelensky disseram nada que pudesse ser visto como uma possível disposição de ouvir as preocupações da Rússia”, disse Peskov.

Para Peskov, na visita não houve “verdadeiros apelos à paz” ou “advertências” dos Estados Unidos a Zelensky contra “o bombardeio contínuo de prédios residenciais em áreas populosas do Donbass”, região do Leste da Ucrânia parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia e frequentemente bombardeada pelas forças ucranianas.

Durante a visita, o chefe de Estado ucraniano recebeu a promessa de um enorme pacote de ajuda de quase US$ 45 bilhões e novas entregas de armas. Logo após a viagem ser confirmada durante a manhã, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, anunciou que os EUA vão enviar à Ucrânia outros US$ 1,8 bilhão em ajuda militar, incluindo, pela primeira vez, uma bateria dos cobiçados mísseis de interceptação Patriots.

Ao todo, calcula-se que os Estados Unidos já tenham cedido cerca de US$ 50 bilhões, entre ajuda financeira, humanitária e militar, à Ucrânia.

Críticas

Após o anúncio na quarta-feira, Peskov alertou que a entrega de armas dos EUA a Kiev “leva a um agravamento do conflito e não é um bom presságio para a Ucrânia”. O porta-voz do Kremlin também afirmou que não espera que Zelensky mude sua posição sobre a recusa a negociar com o presidente russo, Vladimir Putin.

Em seu discurso perante o Congresso americano, em Washington, Zelensky defendeu que a ajuda, essencial para suas tropas no conflito, é “um investimento na segurança global e na democracia”.

Nos últimos meses, as tropas russas sofreram vários reveses militares e foram expulsas da região de Kharkiv (nordeste) e da cidade de Kherson (sul).

Desde outubro, Moscou mudou sua estratégia e optou por fortes bombardeios contra a infraestrutura básica ucraniana. A ofensiva privou milhões de pessoas de eletricidade, água e calefação.

Esses apagões afetaram Kiev, onde a situação energética permanece “difícil” nesta quinta-feira, segundo o chefe da administração militar da capital, Serguei Popko.

O sistema Patriot dos EUA deve fortalecer “significativamente” a defesa contra esse tipo de ataque, disse Zelensky.

Em uma reunião para definir as prioridades do Exército para 2023, Putin também prometeu fortalecer as capacidades militares da Rússia, incluindo as nucleares. Anunciou, também, a entrada em serviço “no início de janeiro” de novos mísseis de cruzeiro hipersônicos Zircon.

Seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu, garantiu que as tropas russas vão combater “as forças combinadas do Ocidente” e revelou que planejam estabelecer bases de apoio à sua frota em Mariupol e em Berdyansk, duas cidades ocupadas no sul da Ucrânia.

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