O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, disse que a Rússia foi forçada a suspender sua participação no tratado de controle de armas nucleares Novo Start, firmado com os Estados Unidos, porque Washington usou o pacto para ajudar a Ucrânia a atacar locais estratégicos russos.
Falando na Conferência das Nações Unidas sobre Desarmamento em Genebra, Ryabkov disse que os Estados Unidos e seus aliados ocidentais queriam ver a Rússia derrotada estrategicamente na Ucrânia e os acusaram de alimentar conflitos.
“A situação se degradou ainda mais após as tentativas dos EUA de ‘sondar’ a segurança das instalações estratégicas russas declaradas sob o Novo Tratado Start, ajudando o regime de Kiev a conduzir ataques armados contra elas”, disse Ryabkov.
“Sob estas circunstâncias, fomos forçados a anunciar a suspensão do tratado.”
Protestando contra a presença de Ryabkov no evento, os representantes permanentes dos Estados Unidos, da França e de outros países ocidentais na ONU em Genebra se colocaram do lado de fora da sala de conferências, posando com bandeiras ucranianas azuis e amarelas.
“Queríamos deixar claro que nós, embaixadores, não vamos estar sentados na Conferência sobre Desarmamento ou no Conselho de Direitos Humanos ouvindo as mentiras e distorções de algum vice-ministro das Relações Exteriores russo”, disse Simon Manley, embaixador britânico nas Nações Unidas em Genebra.
“Queremos mostrar que estamos aqui com a Ucrânia, dia após dia, e apoiar sua luta por sua liberdade.”
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou na semana passada que a Rússia suspendeu sua participação no Novo Start, e assinou uma lei para esse fim na última terça-feira.
Assinado pelo então presidente norte-americano, Barack Obama, e seu homólogo russo, Dmitry Medvedev, em 2010, o tratado limita o número de ogivas nucleares estratégicas que cada lado pode implantar.
Ryabkov, que havia dito anteriormente que os dois países continuavam a discutir questões em torno do tratado através de “canais fechados”, disse que a Rússia continuaria a cumprir com os limites de armas ofensivas estratégicas estabelecidos pelo pacto.
Com vencimento previsto para 2026, o tratado permite que cada país verifique fisicamente o arsenal nuclear do outro, embora as tensões sobre a Ucrânia já tivessem interrompido as inspeções.