Quarta-feira, 26 de março de 2025
Por Redação O Sul | 25 de março de 2025
Os acordos foram firmados após três dias de negociações na Arábia Saudita
Foto: ReproduçãoA Casa Branca informou nesta terça-feira (25) que os governos da Ucrânia e da Rússia concordaram com um cessar-fogo no Mar Negro, e em acertar os detalhes para interromper os ataques às instalações de energia. Esse seria o primeiro passo significativo em direção ao cessar-fogo total que o governo de Donald Trump vinha promovendo, mas ainda estaria aquém da meta.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também se manifestou e disse que a trégua entrou em vigor imediatamente.
Ele também afirmou que buscará o envio de mais armas para seu país pelos Estados Unidos e a aplicação de mais sanções contra a Rússia se Moscou quebrar os acordos.
“Se os russos violarem isso, então eu tenho uma questão direta para o presidente Trump. Se eles violarem, aqui estão as evidências — pedimos sanções, pedimos armas, etc”, Zelensky disse a repórteres em uma entrevista coletiva na capital Kiev.
Os acordos foram firmados após três dias de negociações em Riad, capital da Arábia Saudita, durante os quais delegações da Ucrânia e da Rússia se reuniram separadamente com mediadores dos Estados Unidos.
Rustem Umerov, ministro da defesa da Ucrânia, confirmou os acordos em uma mensagem publicada nas mídias sociais.
A Rússia também confirmou que concordou em “garantir uma navegação segura” no Mar Negro, destacou o Kremlin nesta terça.
O governo de Vladimir Putin e os Estados Unidos concordaram ainda em desenvolver medidas para interromper ataques a instalações de energia russas e ucranianas por um período de 30 dias — que começou em 18 de março –, ainda segundo o Kremlin.
A Casa Branca divulgou duas declarações diferentes dizendo que havia fechado acordos separadamente com a Ucrânia e a Rússia sobre os ataques marítimos e de energia. As declarações acrescentaram que Washington, Kiev e Moscou saudaram o envolvimento de terceiros países no “apoio à implementação dos acordos marítimos e de energia”.
Não ficou imediatamente claro como e quando o cessar-fogo no Mar Negro e o acordo de energia seria implementado. Umerov, que liderou a delegação de seu país em Riad, disse que “consultas técnicas adicionais” teriam que ser realizadas o mais rápido possível para “a implementação, o monitoramento e o controle dos acordos”.
Tanto a Rússia quanto a Ucrânia dependem do Mar Negro para a exportação de commodities. Em meados de 2022, eles intermediaram um acordo que permitia que a Ucrânia transportasse grãos pelo mar, mas a Rússia se retirou do acordo um ano depois, argumentando que as sanções ocidentais estavam limitando severamente sua capacidade de exportar produtos agrícolas.
Em seguida, a Rússia ameaçou todas as embarcações comerciais que iam e voltavam da Ucrânia, com o objetivo de estrangular as exportações marítimas de Kiev. Em resposta, as Forças Armadas da Ucrânia iniciaram uma campanha que expulsou a marinha russa das partes ocidentais do Mar Negro, destruindo muitos de seus navios de guerra e atingindo seu quartel-general na Crimeia ocupada pela Rússia.
A operação permitiu que a Ucrânia estabelecesse um novo corredor de transporte marítimo no Mar Negro e retornasse as exportações de grãos por via marítima a níveis próximos aos de pré-guerra.
Umerov disse que no cessar-fogo “todo movimento da Rússia de suas embarcações militares fora da parte oriental do Mar Negro constituirá uma violação do espírito deste acordo” e que a Ucrânia teria “pleno direito de exercer o direito de autodefesa”.
As declarações da Casa Branca disseram que tanto a Rússia quanto a Ucrânia haviam concordado em “eliminar o uso da força no Mar Negro”. Não ficou imediatamente claro se isso resultaria em uma interrupção dos ataques à infraestrutura portuária, o que, segundo os ucranianos, foi discutido durante as conversas. (Estadão Conteúdo)