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Mundo Rússia oferecerá residência temporária para pessoas que queiram escapar de ‘valores liberais’ do Ocidente

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Lista de países afetados será divulgada em breve. (Foto: Divulgação)

O presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto ordenando a concessão facilitada e acelerada de vistos de residência permanente na Rússia para pessoas que queiram escapar de “valores liberais” do Ocidente, e que queiram compartilhar dos “valores tradicionais” do país.

Pelo texto, aqueles que queiram se mudar para a Rússia como parte deste programa terão que apresentar uma declaração na qual rejeitam políticas adotadas em seus países de origem que “visem impor ideais neoliberais destrutivos às pessoas, que vão contra os valores espirituais e morais tradicionais russos”.

Esse conjunto de valores está descrito em extensos documentos oficiais, e abrangem desde o casamento — descrito sempre como entre um homem e uma mulher — até a educação patriótica e a exaltação de símbolos nacionais. Nos últimos anos, o governo aprovou uma série de pautas de viés conservador, como as leis contra a população LGBT+, e tem incentivado sua promoção no cenário externo, com o apoio de lideranças aliadas, como o premiê húngaro, Viktor Orbán.

Hoje, a pessoa que queira se mudar temporariamente para a Rússia precisa apresentar uma série de documentos, incluindo exames médicos, certificado de antecedentes criminais e declarações de que fala o idioma russo e que tem conhecimentos sobre a História e o sistema legal — pelo novo decreto, os pedidos feitos dentro da nova regra ficam isentos da comprovação dos conhecimentos específicos. A emissão dos vistos aos que buscam os “valores tradicionais russos” começa em setembro.

A proposta de ampliar a concessão de vistos de residência a quem compartilha da visão de mundo promovida por Putin foi apresentada ao presidente por uma estudante italiana, Irene Cecchini, em fevereiro, durante um evento em Moscou. Ainda segundo o decreto, a Chancelaria russa apresentará, em breve, uma lista com os países “hostis” ao ideário conservador defendido pelo Kremlin.

Valores

Empossado em maio para um novo mandato, Putin disse na ocasião que sua prioridade era “preservar o povo”, argumento semelhante ao usado para justificar algumas das mudanças na Constituição, aprovadas em 2020, como o veto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, ou quando a Suprema Corte classificou o “movimento LGBT” como “extremista”, no ano passado.

“Tenho a confiança de que o apoio a valores familiares e tradições de séculos continuarão a unir o público e associações religiosas, partidos políticos e todos os níveis de governo”, disse Putin.

A nova velha Rússia de Putin, que ainda preza o passado soviético — como visto na parada do Dia da Vitória — mas que busca inspiração no regime imperial que os bolcheviques derrubaram em 1917, é um país onde o nacionalismo é incentivado, a dissidência combatida, e que ainda se vê como grande potência global.

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