Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 14 de novembro de 2019
A Rússia reconheceu Jeanine Áñez como presidente interina da Bolívia até a eleição de um novo líder, embora não considere “legítimo o processo” de saída de Evo Morales do poder, declarou o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov, nesta quinta-feira (14).
“Está claro que é ela [Jeanine Añez] quem será considerada líder da Bolívia até a eleição de um novo presidente”, disse Riabkov, citado pela agência de imprensa pública RIA Novosti.
“Não se trata de reconhecer o que aconteceu na Bolívia como um processo legítimo”, disse a porta-voz da diplomacia russa Maria Zajarova, que lembrou que Moscou já havia descrito a situação como um “golpe de Estado”. “Nada mudou na posição da Rússia sobre esse assunto”, acrescentou.
“A situação permanece tensa e há risco de novas complicações”, estimou em sua reunião semanal com a imprensa. “A Bolívia precisa de calma, a partir de um diálogo pacífico, é importante restaurar o funcionamento das instituições públicas no campo constitucional”, disse Zajarova, que apelou que “todos os membros da comunidade internacional tenham uma política responsável” a respeito.
O governo brasileiro reconheceu Añez como presidente interina da Bolívia nesta quarta, saudando em nota “sua determinação de trabalhar pela pacificação do país e pela pronta realização de eleições gerais”.
ONU
A ONU (Organização das Nações Unidas) evitou classificar como “golpe de Estado” a saída de Evo Morales da presidência da Bolívia, e apontou que existe preocupação profunda pela situação que o país atravessa neste momento. “Não é uma situação que cabe a nós definir”, afirmou Farhan Haq, um porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em entrevista coletiva. As informações são das agências de notícias Efe e Reuters.
Para Haq, as circunstâncias na Bolívia são “fluídas”, mas garantiu que a ONU está fazendo esforços para que a crise política não piore ainda mais.
“Estamos mantendo contato com interlocutores nacionais e internacionais para ajudar a acalmar a situação”, disse o porta-voz.
“O mais importante agora é prevenir um agravamento e fazer todas as medidas para criar condições para eleições pacíficas, críveis, transparentes e inclusivas antes do possível”, completou.
As declarações da ONU são divulgadas pouco depois da chegada de Morales ao México nesta terça-feira. O agora ex-presidente, ao renunciar do cargo, no domingo, denunciou ter sofrido um golpe de Estado.
No domingo, Morales havia anunciado a repetição das eleições presidenciais depois que a Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgou inúmeras irregularidades no pleito de 20 de outubro.