A Rússia afirmou nesta quarta-feira (02) que está retomando o acordo que garante a passagem segura para navios que transportam grãos vitais da Ucrânia, uma medida que pode ajudar a aliviar as preocupações sobre o abastecimento global de alimentos que foram levantadas quando Moscou suspendeu sua participação no pacto na semana passada.
A decisão de reverter o curso e retomar o acordo foi anunciada pelo Ministério da Defesa russo poucos dias depois que Moscou citou ataques de drones na cidade de Sebastopol, na Crimeia, como o motivo de sua retirada do acordo.
“A Federação Russa considera que as garantias recebidas no momento parecem suficientes e retoma a implementação do acordo”, disse o ministério em comunicado divulgado em seu canal oficial do Telegram.
A Rússia culpou a Ucrânia pelos ataques a Sebastopol. A Ucrânia não confirmou que suas forças atacaram a cidade, e a extensão dos danos aos navios russos permanece incerta.
Depois de falar com o presidente russo, Vladimir Putin, o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, disse que o acordo será retomado ao meio-dia, horário turco, nesta quarta-feira, segundo a agência de notícias estatal turca Anadolu.
A Turquia, ao lado das Nações Unidas (ONU), ajudou a intermediar o acordo em julho. Amir M. Abdulla, coordenador da ONU para a iniciativa, disse que “saiu com agrado” a decisão da Rússia de retornar ao acordo. “Grato pela facilitação turca. Estou ansioso para trabalhar novamente com todas as partes da Iniciativa”, publicou no Twitter.
O acordo estabeleceu um procedimento que garantiu a segurança dos navios que transportam grãos, fertilizantes e outros alimentos ucranianos através de um corredor humanitário no Mar Negro. Sob o acordo, todos os navios que chegam e saem dos portos da Ucrânia foram inspecionados e monitorados por equipes internacionais compostas por funcionários da Rússia, Ucrânia, Turquia e da ONU.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse à CNN que estava “encantada” pelo fato de o acordo estar sendo retomado. “[O acordo] está fornecendo comida necessária para o mundo, então claramente a Rússia estava finalmente convencida de que precisava continuar com isso, eles não podem impedir a alimentação do mundo inteiro”, disse ela.
A Ucrânia desempenha um papel fundamental no mercado global de alimentos, então a suspensão do acordo pela Rússia gerou grandes preocupações sobre o fornecimento global de alimentos – em um momento em que o mundo já enfrenta uma crescente crise de fome.
Segundo a ONU, a Ucrânia normalmente fornece ao mundo cerca de 45 milhões de toneladas de grãos por ano. Está entre os cinco maiores exportadores globais de cevada, milho e trigo. É também de longe o maior exportador de óleo de girassol, respondendo por 46% das exportações mundiais.