Sexta-feira, 29 de novembro de 2024

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A Bolsa de Valores é um termômetro importante do humor do mercado. Bolsa em alta geralmente está associada a maior confiança dos agentes nos rumos da economia, com destaque para o comportamento do Governo, da existência de estabilidade política e da possibilidade de reformas econômicas. O contrário também é verdadeiro: inflação, aumento do desemprego, juros altos e ausência de reformas conspiram contra uma Bolsa vibrante. Nesse contexto, embora o Banco Central ainda não tenha dado início ao desaperto monetário, o mercado trabalha com a possibilidade disso vir a ocorrer já a partir do próximo semestre. Essa leitura está sinalizada no desempenho da curva de juros, decorrente das negociações de contratos futuros de DI, ancoradas nas expectativas de queda gradual e progressiva das taxas. Também é possível perceber a redução da remuneração oferecida aos ativos de renda fixa, justamente em razão das projeções para a Taxa Selic. Não são, contudo, somente esses fatores que afetam o comportamento do preço das ações negociadas em Bolsa. Há, em curso, uma série de outros eventos que poderão ter um impacto bastante positivo, ou não, sobre o rumo da nossa economia, a maioria deles nas mãos dos congressistas brasileiros.

Enquanto as reformas não chegam, estamos convivendo com a maior taxa de juro real do mundo. Juros altos impactam negativamente a maioria das empresas, mas sobretudo aquelas que mais dependem de crédito para o desenvolvimento de seus negócios. Setores como os de tecnologia, construção civil e varejo, diante da impossibilidade do repasse integral da elevação de seus custos financeiros aos consumidores, acabam por comprimir suas margens, resultando na diminuição da rentabilidade no valor de suas ações. No mesmo sentido, o crédito encarecido dificulta o acesso ao consumo, novamente prejudicando o resultado dessas companhias. Ante uma expectativa de flexibilização monetária, é justamente em relação a tais segmentos empresariais que se espera um melhor desempenho na Bolsa de Valores, uma vez que o custo do crédito tende a cair, o que pode dinamizar mais a economia como um todo.

Com idêntico viés positivo, estima-se que a Reforma Tributária em tramitação no Congresso Nacional, uma vez aprovada, poderá trazer maior racionalidade ao processo arrecadatório, diminuindo o Custo Brasil, que tem no atual cipoal de tributos aqui praticado um dos seus principais problemas. Contudo, mesmo com os benefícios que a reforma tributária poderá trazer, existe grande desconfiança sobre a profundidade das mudanças a serem aprovadas, havendo um risco não desprezível de, mais uma vez, termos apenas um arremedo de reforma, como tantas vezes já ocorreu. Mesmo assim, a possibilidade de haver uma reforma tributária que signifique algum avanço, juntamente com o êxito do controle inflacionário e a estabilidade do dólar nos próximos meses, abre-se importante janela para que a Bolsa de Valores volte ao radar dos investidores brasileiros e estrangeiros.

Esse novo ciclo virtuoso que pode estar surgindo para o mercado acionário não significa que a renda fixa deva perder a atratividade, até porque a Selic projetada para o final de 2024 situa-se na casa dos 10% a.a. Entretanto, com a Bolsa indicando uma recuperação consistente, a renda variável passa a ser uma boa alternativa, inclusive para auferir possíveis ganhos com esse momento de recuperação que se prevê para a Bolsa brasileira. A conjugação de ativos que mantenham o seu poder de compra acrescido de juros, caso da renda fixa, com ativos atrelados ao desempenho das empresas, caso da Bolsa, possibilita ao investidor mitigar riscos sem abrir mão da rentabilidade. É importante sempre lembrar que quanto mais sofisticado se torna o mercado, mais imprescindível se converte uma assessoria qualificada e que ofereça orientações para que seja possível navegar, com segurança, nessa provável nova onda altista da Bolsa que se prenuncia.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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