Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de fevereiro de 2022
Ex-volante já treinou o Tricolor gaúcho em 2015-2016.
Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPANo início da noite desta segunda-feira (14), horas depois de comunicar a demissão do técnico Vagner Mancini, a direção do Grêmio anunciou a contratação de Roger Machado para o comando da equipe na temporada de 2022. Ele chega com um “staff” formado pelos auxiliares James Freitas e Roberto Ribas, Paulo Paixão na preparação física e Jussan Anjolin como analista de desempenho.
O porto-alegrense Roger, 46 anos, tem trajetória fortemente ligada ao Tricolor gaúcho, que o revelou nas categorias de base e no qual atuou profissionalmente como volante de 1994 a 2003, participando das conquistas da Copa Libertadores de 1995, Recopa Sul-Americana de 1996, Campeonato Brasileiro de 1996, três edições da Copa do Brasil (1994, 1997 e 2001) e quatro Gauchões (1995, 1996, 1999 e 2001).
Após encerrar a carreira pelo Fluminense, em 2008, trabalhou como auxiliar na casamata gremista de 2011 a 2013, período em que comandou interinamente o time em algumas oportunidades. Depois treinou Juventude e Novo Hamburgo, até ser anunciado em maio de 2015 como técnico do Grêmio.
Em sua primeira passagem pelo cargo na Arena, teve participação fundamental na montagem da equipe que veio a conquistar títulos na sequência. Foram 101 partidas, com 52 vitórias, 22 empates e 27 derrotas (aproveitamento de 58,7%). Roger permaneceu no Tricolor até 2016 e, nos anos seguintes, comandou Atlético Mineiro, Palmeiras, Bahia e Fluminense – ele estava desempregado havia seis meses.
Roger também tem se notabilizado, sobretudo desde que se tornou treinador, pelo engajamento político em pautas relacionadas ao combate ao racismo e à desigualdade social. Em 2019, como comandante do Bahia, ele protagonizou com o colega do Fluminense, Marcão, o primeiro jogo com dois técnicos negros na História da Série A do Brasileirão.
Na coletiva de imprensa após o duelo, ele proferiu um discurso antológico: “Negar e silenciar é confirmar o racismo. Minha posição como negro na elite do futebol condiz com isso. Eu sinto que há racismo quando eu vou a um restaurante e sou o único negro no local. Na faculdade que eu fiz, eu era o único negro. Isso é a prova para mim. Eu sou a prova de que há racismo porque só eu estou aqui”.
Ele acrescentou: “A culpa desse atraso, após de 388 anos de escravidão, é do Estado, porque é através dele que as políticas públicas, que nos últimos 15 anos foram instituídas, que resgataram a autoestima dessas populações que ao longo de muitos anos tiveram negadas assistências básicas, estão sendo retiradas neste momento”.
Vagner Mancini
No começo da tarde, o Grêmio havia comunicado a demissão de Vagner Mancini, que estava no clube desde outubro, quando substituiu Felipão na reta final do Campeonato Brasileiro para tentar salvar o time do rebaixamento. Mesmo sem conseguir o intento, foi mantido no cargo.
Apesar de lider de forma invicta o Gauchão até a rodada do último fim de semana, Mancini vinha sofrendo pressões, inclusive por parte da torcida. A equipe chegou a ser vaiada no domingo (14), após o empate de 1 a 1 na Arena contra o Juventude – os donos da casa deixaram escapar a vitória nos minutos finais.
O afastamento foi decidido pelo vice-presidente de futebol do clube, Dênis Abrahão, após reunião com outros integrantes da diretoria e sem a presença do presidente Romildo Bolzan Júnior. “Tenho a convicção de meus dirigentes. Se errei, vocês me julguem”, declarou. “Imaginei que iríamos melhorar e ter o apoio da torcida, o que não aconteceu”, em entrevista à Rádio Grenal.
Natural de Ribeirão Preto, Vagner Mancini já havia comandado o Grêmio em 2008. Antes disso, atuou como volante do time em 1995. Nesta segunda passagem como técnico do time gaúcho, agora encerrada, foram 18 jogos com 55,5% de aproveitamento: nove vitórias, três empates e seis derrotas.