A tecnologia mudou poucos setores com tanta força quanto o varejo. Ninguém representa melhor essa mudança do que a gigante americana Amazon, fundada por Jeff Bezos e que vale mais de US$ 1,5 trilhão atualmente – assumindo o posto de empresa mais valiosa do mundo.
Mas como ela conseguiu crescer tanto? O segredo está na sua habilidade de receber, interpretar e analisar dados. É o que explica o especialista em varejo e e-commerce, Alfredo Soares, vice-presidente da VTex.
Ele explica que a Amazon cresceu o que cresceu por compreender que cada número representava um comportamento do consumidor. E que ela poderia usar esses dados para maximizar suas oportunidades, crescer e tomar decisões, fugindo do achismo e arranjando um método muito mais eficiente de gerenciamento. Deu certo e virou uma gigante.
1) Por que a Amazon vale muito mais do que seus rivais?
A escalabilidade das operações é a resposta para esse dilema. O mercado olha para a Amazon e vê um potencial enorme de aumentar suas receitas e seu lucro nos próximos anos, enquanto as perspectivas com o Walmart, seu maior rival, não são tão boas assim. A empresa de Bezos consegue cobrir um território imenso com uma fração do custo das varejistas físicas e sua receita dispara sem trazer um grande salto de despesas, já que não precisa ficar abrindo novas lojas – apenas centros de distribuição.
Já o Walmart tem um custo de operação grande em cada loja e vê várias delas deixarem de ser rentáveis conforme os hábitos de consumo vão mudando. Cada ponto de venda vira um passivo potencial, pronto para drenar o caixa da empresa. Prova disso é que, para vender o dobro, o Walmart tem quatro vezes mais funcionários que a Amazon, mesmo contando funcionários da AWS, Prime Video e outras atividades fora do varejo da gigante de Bezos.
Não. A mesma história da Amazon se repete na bolsa brasileira, com a Magazine Luiza, que viu sua ação disparar nos últimos anos depois de um intenso e efetivo processo de transformação digital. Investidores acreditam na capacidade da empresa de ver sua receita explodir nos próximos anos graças ao e-commerce da companhia – sem que os custos acompanhem, é claro.
Isso é fruto de uma revolução no setor de varejo que começou anos atrás, mas que, acredite, está apenas no começo. A geração de riqueza do e-commerce, do mobile, do omnichannel acabou de começar e não capturamos nem 10% dela ainda. Esse mercado cresce a dígitos duplos ano após ano e todos os desafios que ele enfrenta são cada vez menores.
Estar no segmento de varejo e não ter uma presença digital, hoje, é o mesmo que não pensar no futuro e na sobrevivência da sua empresa. Ou você se adapta e toma as medidas necessárias para se desenvolver nesses mercados, ou seu futuro é encolher e se tornar um negócio de bairro.
3) E qual o maior diferencial para a Amazon construir esse império?
Você provavelmente já ouviu que “dados são o novo petróleo”, certo? O volume de informação que um consumidor gera ao comprar qualquer item na internet é riquíssimo para que as lojas continuem servindo essa pessoa. Você passa a saber que tipo de produto ela gosta e pesquisa, o poder aquisitivo, a localização deles, enfim…
E esse usuário pode ser influenciado de diversas maneiras: anúncios personalizados, remarketing. Com o mundo do e-commerce, vender vira um processo mais previsível e mais analítico. Você passa a poder calcular exatamente qual o seu custo para impactar uma pessoa e o retorno dos seus investimentos.
Esses dados também ajudam empresas a tomarem decisões a respeito de lojas físicas, como a localização das próprias ou que tipo de produto vai estar disponível. A sueca H&M fechou 350 lojas e abriu 100 novas unidades com base no que aprendeu com o processo de venda online, que já é 25% de toda a receita da companhia.