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Saiba como a Europa pretende superar quarta onda da pandemia de coronavírus

A taxa de vacinação da Rússia é uma das mais baixas da Europa e menor até do que a média mundial. (Foto: EBC)

O ritmo atual de transmissão do coronavírus na Europa chegou novamente a um nível preocupante, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS). A chamada “quarta onda” da epidemia é atribuída a fatores como a redução da eficácia do imunizante nos europeus vacinados no início da campanha e também ao aumento de casos no Leste do continente, onde a taxa de aplicação desse tipo de fármaco tem sido menor.

“Nos próximos meses haverá um grande número de contaminações”, prossegue o especialista em sua análise. “O que é necessário é diminuir as formas graves, que levam à hospitalização e à morte. Por isso é preciso prudência na gestão da epidemia.”

Sobre o relaxamento das medidas de proteção, o epidemiologista diz que é preciso parar de culpabilizar as pessoas, que, segundo ele, já fizeram um esforço considerável: “Temos apenas que explicar que alguns gestos são essenciais para proteger os familiares mais idosos ou vulneráveis, como o uso da máscara, por exemplo, em situações de risco”.

De acordo com o epidemiologista Michel Goldman, professor da Universidade Livre da Bélgica, a aplicação da terceira dose em toda a população já se tornou algo “inevitável.”

O número diário de novos casos de covid está em alta há quase seis semanas consecutivas na Europa e os óbitos sobem diariamente há quase dois meses.

Em média, 250 mil testes positivos e 3,6 mil óbitos por causa da doença são registrados a cada 24 horas. O movimento crescente nas estatísticas foi impulsionada pela Rússia (8.162 mortos nos últimos sete dias, um aumento de 8% em relação à semana anterior), Ucrânia (3.819 mortos, elevação de 1%) e Romênia (3.100 mortos, alta de 4%), principalmente.

Nos países onde o vírus voltou a circular de maneira “assustadora”, a taxa de vacinação ainda é baixa, relata o epidemiologista. Ele admite, porém, que essa não é a única explicação:

“Sabemos que as vacinas protegem das formas graves na maior parte dos casos, mas não impedem a infecção, que será, na maioria das vezes, uma forma assintomática ou uma doença que não necessitará de hospitalização, mesmo que possa deixar a pessoa de cama por alguns dias. “Os vacinados, desta forma, podem pegar e transmitir a doença”.

Terceiro reforço

Por esse motivo, ele lembra que a terceira dose de reforço será essencial para evitar mais casos graves e mortes com a aceleração da epidemia. “Será necessário continuar a proteger as pessoas após a queda da imunidade vacinal após alguns meses. É a famosa terceira dose”, reitera.

A dose de reforço, atualmente reservada aos maiores de 65 anos e pacientes com comorbidades nos países europeus, provavelmente será estendida ao restante da população: “Não tenho nenhuma dúvida de que, ao longo dos meses, vamos administrar a terceira dose para aqueles que foram vacinados um pouco mais tarde na campanha, já que sabemos que a imunidade diminui”.

Comprimido

Michel Goldman também acredita que a chegada do antiviral Molnupiravir ao mercado mudará o curso da epidemia Produzido pela Merck em forma de comprimido, o medicamento foi aprovado no Reino Unido na última quinta-feira (4).

A expectativa é de que o fármaco reduza as hospitalizações e previna a infecção em caso de contato com indivíduos contaminados. Foi o que aconteceu no caso do remédio Tamiflu, administrado em 2009 durante a epidemia da gripe suína.

Pior do que se imagina

A OMS afirma que se o excesso de mortalidade vinculada à covid for considerada, de forma direta e indireta, o balanço real da pandemia poderia ser duas a três vezes maior que o oficial, e preconiza a continuidade da vacinação, o uso de máscara de forma generalizada e o respeito ao distanciamento social.

“Dados confiáveis mostram que se continuarmos usando a máscara em 95% na Europa e Ásia central, poderemos salvar até 188 mil vidas do meio milhão que corremos o risco de perder até fevereiro”, salienta o diretor da OMS na Europa, Hans Kluge.

Em média, apenas 47% dos habitantes da região, que inclui países europeus e outros da Ásia Central, estão totalmente vacinados, de acordo com a OMS. Para combater a pandemia, a organização pediu a continuidade da vacinação, o uso de máscara de forma generalizada e o respeito ao distanciamento social.

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