Terça-feira, 07 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de abril de 2021
Um show-teste em Barcelona, na Espanha, deu pistas de como pode ser a volta dos eventos culturais no mundo durante a pandemia da covid-19. O evento realizado no dia 27 de março reuniu um público de quase 5 mil pessoas e, passados 15 dias do experimento, apenas 6 participantes testaram positivo para a doença causada pelo coronavírus.
De acordo com os autores do estudo, essa incidência foi menor do que a observada na população em geral de Barcelona no mesmo dia.
Entre as seis pessoas com teste positivo após o evento, quatro foram infectadas em outro lugar, e não no show, segundo concluíram os pesquisadores da Fundação de Combate à Aids e Doenças Infecciosas e do Hospital Universitário Germans Trias i Pujol.
“Não há indícios de que a transmissão [do coronavírus] tenha ocorrido durante o evento, que foi o objetivo deste estudo”, disse o Dr. Josep Maria Llibre, do Hospital Universitário Germans Trias i Pujol, durante uma coletiva de imprensa.
Mas como isso foi possível?
Para entender, precisamos nos ater a três pontos importantíssimos:
1) Todos os participantes usavam máscara PFF2 durante todo o evento;
2) Eles não precisaram manter distanciamento entre eles;
3) Os participantes foram testados antes do evento, mas não necessariamente depois.
Máscara
Você já deve ter ouvido ultimamente cientistas defenderem o uso da máscara PFF2, aquela de uso profissional.
De fato, ela oferece um grau maior de proteção contra o coronavírus porque possui um sistema de filtragem que retém as partículas contaminadas. Por isso, é indicada para ambientes fechados com pouca ventilação.
No evento-teste, além de todas as 4.592 pessoas usarem a proteção, os organizadores seguiram um protocolo rígido de prevenção, como medição de temperatura, disponibilização de álcool gel para o público e controle da ventilação em ambientes críticos, como banheiros, por exemplo.
A máscara PFF2, usada no experimento, tem se tornado cada vez mais popular. Com aumento da produção, agora está mais fácil encontrá-la à venda.
No Brasil, seu uso ainda é tímido, mas em alguns países, como a Alemanha, França e Áustria, o uso desse modelo passou a ser exigido em ambientes púbicos.
Distanciamento
Como a ideia era reproduzir um ambiente real de show, os participantes ficaram aglomerados. O local do evento foi dividido em três setores, cada um com vias de acesso e saída. A única regra era não mudar de setor.
Testes
No dia do show, todos os participantes tiveram que se submeter a um teste de antígeno, que detecta a presença do coronavírus. O resultado sai em 15 minutos e esse exame é mais simples que o PCR, que é considerado o padrão-ouro.
Só foram autorizadas a entrar no local do evento as pessoas que testaram negativo.
Os participantes não foram necessariamente testados depois do show. Os seis casos positivos detectados oficialmente entre os quase 5 mil espectadores duas semanas após o concerto estavam no quadro das habituais verificações do sistema de saúde e eram assintomáticos.
Isso quer dizer que é possível que tenham outros casos assintomáticos que não foram detectados por justamente não apresentarem sintomas.
Apesar disso, os organizadores, asseguraram que o objetivo do experimento foi alcançado: mostrar que shows são possíveis de serem realizados com segurança durante a pandemia, sem resultar em uma supertransmissão.