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Saiba como cuidadores devem agir com doentes de Alzheimer

A enfermeira Tatiane explica que as atividades cognitivas e físicas desempenham um papel crucial no retardamento dos sintomas. (Foto: Reprodução)

Com o avanço do Alzheimer, familiares e cuidadores enfrentam desafios específicos no manejo do comportamento dos pacientes. A capacidade de realizar atividades diárias, como planejar refeições ou escolher roupas, diminui significativamente. Diante disso, os assistentes devem estar preparados para prestar auxílio constante em tarefas simples e monitorar alterações de humor ou, até mesmo, episódios de agressividade.

Segundo a enfermeira e coordenadora do curso Técnico em Enfermagem da Escola Técnica Fundatec, Tatiane Menezes, para garantir um ambiente seguro e evitar acidentes, é fundamental que a casa esteja livre de obstáculos e tapetes que possam causar quedas. “Chaves devem ser retiradas das portas pelo risco de saírem e não saberem retornar, algo bem comum nas pessoas com esta doença. A paciência é essencial, especialmente ao responder a perguntas repetidas feitas pelo paciente”, relata.

Tatiane explica que as atividades cognitivas e físicas desempenham um papel crucial no retardamento dos sintomas. A prática de tarefas que requerem atenção, como preparar alimentos ou visualizar fotografias, pode ajudar a criar novas memórias e manter o envolvimento com a família. A inclusão na rotina diária é recomendada para reforçar a interação social. “A comunicação com outras pessoas portadoras de Alzheimer pode ser facilitada através de gestos e sinais visuais, especialmente quando a capacidade verbal está comprometida”, destaca.

Conforme a enfermeira, o apoio emocional é essencial para os cuidadores, que devem compreender a natureza da doença e seu impacto. É importante entender que a falta de reconhecimento do paciente não é um reflexo de sentimentos pessoais, mas uma consequência patológica. “Por exemplo, um filho saber que a mãe não se recorda dele, não por não gostar, mas sim em função da doença, pois estas situações abalam muito os familiares”, conclui.

A doença

A médica geriatra do Hospital São José, da Rede de Saúde da Divina Providência, Maira Scheibler, ressalta que em torno de 33% dos idosos são diagnosticados com alzheimer. A doença atinge homens e mulheres. Porém, prevalece em mulheres acima dos 65 anos. Em alguns casos acomete pessoas entre 40 e 50 anos.

Alerta para sinais como, esquecimento de eventos mais recentes, perda da capacidade de organizar uma lista de supermercado, saber o nome de alguns familiares, colocar objetos fora dos ambientes normais, além de alterações de comportamentos.

Diagnóstico

Maira esclarece que existem alguns métodos e acabam sendo utilizados quando há uma dúvida de um diagnóstico clínico, mas, normalmente, é detectado por deixar de fazer alguma atividade sozinha, cuidar das finanças, associadas a queixas cognitivas, esquecimento de palavras, dentre outras

“Atualmente é diagnosticado através de exames de sangue e imagem que podem ser realizados em um momento em que não se consegue mais fazer um diagnóstico clínico”.

Prevenção

A especialista orienta que a ideia é fazer uma reserva cognitiva como medida de prevenção. Uma boa leitura pode ajudar, palavras cruzadas, um estilo de vida mais saudável que inclui uma boa alimentação, além da prática de atividades físicas, dentre outras.

“Essas medidas fazem parte da fase pré-clínica, antes dos sinais aparecerem. Infelizmente, ainda não existe uma medicação que consiga evitar que a doença progrida. Não existe droga reversora para a doença”.

Fator hereditário precisa ser visto com maior atenção. Muitas demências são Alzheimer. Quando é hereditário, se apresenta mais cedo, por volta dos 45 anos.

Considerada uma doença multifatorial, o fator hereditário precisa ser visto com maior atenção. “Com casos da doença na família, geralmente, as demências por conta do Alzheimer se apresentam mais cedo, por volta dos 45 anos”, alerta.

Tratamento

O tratamento, segundo a especialistas, ajuda a amenizar, mas não tem cura. “Existem cerca de 100 estudos em desenvolvimento que possam reverter, mas até o momento, não nada comprovado. Alguns pacientes com agitação e agressão são tratados e podem apresentar melhora. Existem uma grande expectativa de uma cura futura e esperamos que não seja tão distante.”

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