O presidente Jair Bolsonaro encerrou a sua viagem oficial à Índia com a assinatura de 15 acordos bilaterais, sendo alguns deles no setor agropecuário. Na declaração conjunta dos dois países, seis itens tratam sobre a agropecuária e um fala sobre bioenergia, especialmente etanol.
O agronegócio brasileiro tem um olhar especial voltado para a Índia, pois ela é considerada pelo governo como a “China do amanhã”. Com população acima de 1 bilhão de pessoas, é um mercado que pode ser tão importante quanto o dos chineses.
Mas o desafio é aumentar as exportações do setor, que foram de US$ 675,6 milhões em 2019, para uma cifra ainda maior. Como base de comparação, os chineses compraram do Brasil US$ 31 bilhões de produtos agropecuários no mesmo período.
Durante a visita oficial, os governos indiano e brasileiro se comprometeram a dobrar o intercâmbio comercial entre os dois países até 2022, de US$ 7 bilhões para cerca de US$ 15 bilhões.
A agropecuária tem papel importante, mas, em cifras, a viagem trouxe pouca novidade para o setor. Os destaques foram a abertura de mercado para a exportação do gergelim brasileiro, a cooperação entre os dois países para o aumento da produção de etanol e parcerias em pesquisas agropecuárias.
Em contrapartida, os indianos vão poder exportar sementes de milho para o Brasil e tentam um acordo para encerrar um questionamento feito pelo governo brasileiro dentro da OMC (Organização Mundial do Comércio) sobre os subsídios da Índia à produção de açúcar.
Açúcar e etanol
A Índia é um dos grandes produtores mundiais de açúcar e concorrente do Brasil. O objetivo dos produtores brasileiros é conseguir equilibrar a oferta mundial do produto, para que não exista grandes variações de preços, especialmente na queda.
Para isso, a indústria brasileira buscava duas coisas na Índia: compromissos do governo indiano para deixar de subsidiar as exportações de açúcar e mais empenho na produção de etanol.
Quanto ao segundo item, os governos do Brasil e da Índia se comprometeram em ampliar o uso de energias renováveis, sendo uma delas o etanol. Bolsonaro comentou o entendimento após a assinatura dos acordos.
“O etanol, essa tecnologia nossa, vindo para cá, acaba nos favorecendo também porque daí se produz menos açúcar aqui e ajuda a equilibrar o mercado”, afirmou Bolsonaro, que também cogitou a possibilidade de fabricação de carros flex na Índia por meio de empresas brasileiras.
Quanto aos subsídios à exportação de açúcar, Bolsonaro disse ter recebido do primeiro-ministro Narendra Modi pedido para que o Brasil retire um questionamento na OMC a respeito do produto.
Exportação de gergelim
O Brasil conseguiu a abertura de mercado para um produto na visita à Índia: o gergelim. O Brasil ainda produz pouco, cerca de 25 mil toneladas, mas é um grão que pode ser cultivado após a safra de soja – a maior do País –, e os agricultores têm se interessado pela sua produção.