Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2021
Furacões são as maiores e mais violentas tempestades do planeta e a cada ano, entre os meses de junho e novembro, afetam a região do Caribe, do Golfo do México e da costa leste dos Estados Unidos. A depender de sua força, podem arrasar populações e cidades inteiras.
Seus homólogos são os tufões, que afetam o Noroeste do oceano Pacífico, e os ciclones, que ocorrem no Sul do Pacífico e no oceano Índico.
Todos eles são ciclones tropicais, mas o nome furacão é usado exclusivamente para os do Atlântico norte do nordeste do Pacífico.
Mas como se formam os furacões e por que costumam ocorrer nesta parte do mundo?
Bomba de energia
O mecanismo mais comum de formação de furacões no Atlântico — que provoca mais de 60% desses fenômenos — é uma onda tropical, que começa como uma perturbação atmosférica que cria uma área de relativa baixa pressão.
Isso acontece geralmente no Leste da África, a partir de meados do mês de julho.
Se essa área de baixa pressão encontra as condições adequadas para se manter e se desenvolver, ela começa a mover-se de Leste a Oeste, com a ajuda dos ventos alísios.
Quando chega ao oceano Atlântico, a onda tropical pode ser o início de um furacão, mas, para que ele se forme, precisa de fontes de energia, como a umidade, o calor e o vento adequados.
Em concreto, é preciso que a temperatura da superfície do oceano seja superior aos 27º C, assim como a da camada de água que se estende por pelo menos 50 metros logo abaixo da superfície.
Também são necessários tipos de vento específicos. Por um lado, ventos com rotação horizontal, para que a tempestade se concentre.
Por outro, é preciso que os ventos subindo a partir da superfície do oceano mantenham sua força e velocidade constantes.
Se houver cortante de vento, ou seja, variações no vento com a altura, isso pode interromper o fluxo de calor e umidade que faz com que o furacão tome forma.
Também é preciso que haja uma concentração de nuvens carregadas de água e alta umidade relativa na atmosfera.
Tudo isso precisa ocorrer nas latitudes adequadas, em geral entre os paralelos 10° e 30° do hemisfério norte, já que nesta região o efeito da rotação da Terra faz com que os ventos possam convergir e ascender ao redor da área de baixa pressão.
Quando a onda tropical encontra todos estes ingredientes, cria-se uma área de cerca de 50 a 100 metros, onde eles começam a interagir.
“O movimento da onda tropical funciona como o disparador dessa tempestade”, explicou Jorge Zavala Hidalgo, coordenador geral do Serviço Meteorológico Nacional do México.
E esta tempestade funciona como um catalisador: começa um balé de calor, ar e água. A área de baixa pressão faz com que o ar úmido e quente que vem do oceano suba e se esfrie, o que alimenta as nuvens.
A condensação desse ar libera calor e faz com que a pressão sobre a superfície do oceano baixe ainda mais, o que atrai mais umidade do oceano, fortalecendo a tempestade.
Os ventos convergem e ascendem dentro desta área de baixa pressão, girando em direção contrária às agulhas do relógio — por influência da rotação da Terra. É essa rotação que dá aos furacões sua imagem característica.
Zonas vulneráveis
Um dos fatores que explica que essa região seja mais propensa a receber furacões é que o oceano Atlântico, nas latitudes tropicais, tem a temperatura adequada para sua formação durante mais meses no ano.
Outro fator é a circulação dos ventos que empurram os furacões.
Os ventos alísios, principais ventos nas latitudes baixas tropicais, vão de Leste a Oeste, levando os ciclones até as costas do Caribe, do Golfo do México e dos Estados Unidos.
O percurso destes ventos também é influenciado pela rotação da Terra — o chamado efeito de Coriolis — que faz com que eles tendam a desviar-se em direção ao norte.
Normalmente, enquanto os furacões avançam, eles também se deslocam levemente para o norte.
Ao passar do paralelo 30°N, costumam encontrar-se com os ventos do oeste, outra das grandes correntes globais de ventos, que faz com que passem a ir em direção à leste. Daí por diante, se afastam do continente americano.
Mas em seu caminho, ainda no oceano Atlântico, os furacões se encontram com o enorme anticiclone das Bermudas-Açores, que pode determinar se eles vão se dirigir ao Golfo do México, ao Caribe ou aos Estados Unidos.
Os anticiclones são regiões de alta pressão atmosférica com ar mais seco, menos nuvens e ventos que giram na direção das agulhas do relógio no hemisfério norte.
O anticiclone dos Açores funciona como uma espécie de obstáculo que domina a parte norte do oceano Atlântico. Para avançar, os furacões precisam passar ao redor dele.
É por isso que o tamanho e a posição desse anticiclone podem influenciar a trajetória de um ciclone tropical.