Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 13 de junho de 2020
Depois de três meses de paralisação, as produções de cinema e televisão já foram autorizadas a voltar ao trabalho, na Califórnia, anunciou o governador Gavin Newsom (Partido Democrata) na sexta-feira passada, dia 5, segundo seu plano de reabertura gradual depois da fase de distanciamento social. A decisão final vai ser tomada por cada condado, de acordo com os dados sobre a pandemia em cada um dos locais. Mesmo amargando prejuízos, a resposta de Hollywood é: muita calma nessa hora. “Não, a indústria não vai reabrir na segunda”, disse ao jornal Los Angeles Times Steve Dayan, do sindicato Teamster Local 399. “Estamos trabalhando noite e dia para fazer acontecer, mas precisamos proteger nossas equipes e também o público.” O site Deadline descreveu a reação da indústria como de “espanto” com o anúncio de Newsom.
Uma série de medidas precisa ser colocada em prática para isso acontecer. Um documento de 22 páginas elaborado por dezenas de membros da indústria, incluindo os sindicatos de atores e diretores e os estúdios, bem como Amazon, HBO e Netflix, além de especialistas da área de saúde, foi distribuído para os governos da Califórnia, Nova York e outros estados americanos onde ocorrem muitas filmagens, como a Geórgia. Hollywood, apesar de ser o nome de um bairro de Los Angeles, é um lugar imaginário que abrange ainda Canadá e Reino Unido, entre outros países.
As regras para o retorno incluem testagem em massa, medição frequente de temperatura, uso de equipamentos de proteção individual, higiene das mãos e eliminação de bufês, com refeições, pratos e talheres embalados individualmente – tudo fiscalizado por pelo menos uma pessoa no set. No caso de atores, cabeleireiros e maquiadores, os testes serão ainda mais frequentes. As reuniões devem ser feitas remotamente sempre que possível. Cenas que pedem contato próximo de atores, como aquelas de beijo, sexo ou luta, precisam ser com mínimo contato. Cenas com muitos figurantes e rodadas nas ruas também devem ser evitadas, assim como aquelas filmadas em outras cidades ou países. Tudo isso faz com que roteiros precisem ser revistos e reescritos, e efeitos digitais sejam empregados para simular multidões, por exemplo.
No caso da Geórgia, onde são rodados muitos longas dos Estúdios Marvel, além da série The Walking Dead, só para ficar nos mais famosos, o governador Brian Kemp (Partido Republicano) deu autorização para a retomada em 22 de maio. Ainda assim, o produtor, diretor e roteirista Tyler Perry, que tem um estúdio próprio em Atlanta, disse à revista Variety que só reinicia a produção de suas séries Sistas e The Oval em julho. Ambas têm tempos de produção bem reduzidos, de duas semanas e meia em média para uma temporada completa – em geral, uma série dramática leva entre 7 e 9 dias por episódio.
As equipes vão ser drasticamente reduzidas e serão testadas assim que voltarem ao set e outras quatro vezes durante as gravações. Todos usarão máscaras, e cenas em grupo vão ser feitas somente após o quarto dia, quando todos forem testados novamente. Os membros da equipe e do elenco que não moram em Atlanta voarão no avião particular de Perry e morarão dentro do estúdio, que possui casas de verdade.
Dois outros estúdios da cidade se prepararam para a volta pós-pandemia. No Pinewood, foram instalados pontos para a lavagem das mãos – os banheiros costumam ficar longe e fora das construções – e um sistema de filtragem do ar como os utilizados pelos hospitais. Mesma coisa com o Blackhall, que instalou filtros no ar-condicionado e capacidade de testagem de anticorpos. O CEO Ryan Millsap também declarou à Variety o plano de alugar um prédio com 300 apartamentos a cerca de 10 minutos das instalações para que as equipes possam ser alojadas por até seis meses.