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Saiba como terapias de estimulação cognitiva, social e afetiva ajudam a manter pessoas com demência socialmente ativas

Atualmente, o Brasil conta com cerca de 2 mil estabelecimentos dedicados a esse atendimento, um número insuficiente para atender a demanda adequadamente. (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

Apesar do investimento em pesquisa e do avanço científico, ainda não há cura para as diferentes formas de demência. O que existe é tratamento. E ele é muito importante tanto para o paciente quanto para as pessoas ao redor.

No último episódio da série “Além do Esquecimento”, o doutor Drauzio Varella falou sobre terapias e remédios que fortalecem o cérebro por mais tempo e trazem mais qualidade de vida no decorrer da doença.

Quem vê a Mafalda hoje cheia de energia, não desconfia de como ela estava cinco anos atrás. “Eu vivia muito triste, nem sei explicar”, conta. Percebendo que a Mafalda andava muito confusa, as filhas procuraram mais de um médico até chegar ao diagnóstico de doença de Alzheimer. “Chorei muito. Fiquei triste”, lembra Mafalda.

A tristeza só passou quando ela começou a frequentar um centro de atendimento a quem sofre de demência, em sua cidade Londrina, no Paraná. Uma vez por semana, a filha Nadir não vai trabalhar para acompanhar a mãe. “Ela foi ficando mais animada, perguntava: ‘Quando que a gente vai no projeto?’. Então, ela se arrumava… Ela adora roupa vermelha, todo mundo já sabe”, diz a filha de Mafalda, Nadir de Souza.

Rio de Janeiro

Tirando um ou outro exame, o tratamento de Mafalda é totalmente pelo SUS.

Em Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro, há outro centro totalmente dedicado ao atendimento a quem tem Alzheimer. A clínica da prefeitura recebe ao todo 75 pessoas com Alzheimer, que passam oito horas por dia, duas a três vezes por semana, a um custo de pouco mais de R$ 500 por paciente. As famílias também recebem orientação,

“Às vezes é um apoio emocional, às vezes é um apoio jurídico, às vezes é um apoio na garantia de direito, no acesso a benefícios. Isso é uma política pública efetiva, de qualidade, que precisa ser implementada no país inteiro”, explica a psicóloga e coordenadora do Centro Dia Synval Santos, Danielle da Silva Freire.

Belo Horizonte

Em Belo Horizonte, o Aroldo se beneficia por frequentar uma clínica. No caso dele, particular. Mas nenhum tratamento para a demência se restringe a terapia cognitiva.

“Ele toma vários comprimidos por dia. Uns 20, entre as medicações para o Alzheimer e a suplementação”, relata a fotógrafa, Cristina Montheiro Batista Lima.

Boa parte dos medicamentos que estão surgindo contra o Alzheimer, principalmente, atuam sobre placas ou emaranhados de proteínas no cérebro, que atrapalham a transmissão de sinais elétricos ou químicos de um neurônio para o outro – ou seja, atrapalham os nossos pensamentos. Mas, infelizmente, os resultados ainda são muito tímidos.

“Tem que ser muito bem pensado, porque tem efeitos colaterais muito graves. Como sangramento e inchaço no cérebro. Quando a gente olha para o indivíduo, para o paciente, ele não tem nenhuma mudança real na qualidade de vida, no desempenho dele das funções cognitivas”, alerta a neurologista da USP, Jerusa Smid.

O que diz o Ministério da Saúde

Em conversa com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o doutor Dráuzio Varella levantou a questão da necessidade de ampliar os espaços de acolhimento para pessoas com demência. Atualmente, o Brasil conta com cerca de 2 mil estabelecimentos entre públicos e filantrópicos dedicados a esse atendimento, um número insuficiente para atender a demanda adequadamente, considerando a extensão e as necessidades do País.

“Acho que tem que acontecer mais depressa e, também, elas estão sendo cuidadas nas suas casas ou nas casas de parentes. Então, é pensar também no apoio a essa estratégia domiciliar”, firma Nísia Trindade.

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