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Confira em cinco pontos o que a Polícia Federal revelou sobre a “Abin paralela”

O ex-chefe da Abin, Alexandre Ramagem, foi intimado pela PF a prestar depoimento nesta quarta-feira. (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

As investigações da Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Última Milha, que teve o sigilo retirado nessa quinta-feira (11), apontam para uma série de irregularidades no uso de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar autoridades e desafetos políticos de Jair Bolsonaro. Segundo os investigadores, policiais, servidores e funcionários da Abin formaram uma organização criminosa para monitorar pessoas e autoridades públicas, invadindo celulares e computadores. O esquema, que teria funcionado no governo Bolsonaro, é investigado desde 2023.

A PF aponta que foram monitoradas autoridades do Judiciário, Legislativo e Executivo, além de jornalistas. Entre os espionados, estão o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Confira os principais pontos que a PF apontou sobre a Abin paralela:

1. Familiares de Bolsonaro
A PF apontou a “instrumentalização” da Abin para monitorar pessoas ligadas a investigações envolvendo familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro. É o caso dos auditores da Receita que fizeram o relatório que deu origem à investigação do esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro.

No relatório, os investigadores destacam que Marcelo Bormevet e Giancarlo Rodrigues, que estavam a serviço da Abin em ações clandestinas, tentaram “achar podres” de auditores da Receita Federal responsáveis pela elaboração de relatórios de inteligência financeira sobre o senador, o filho 01 do ex-presidente.

Outro exemplo, segundo a PF, é a criação de provas a favor do filho do ex-presidente Jair Renan Bolsonaro – o filho 04, que em 2021 era investigado por tráfico de influência. Para isso, o “gabinete paralelo”, de acordo com as investigações, monitorou Allan Lucena, ex-sócio de Jair Renan, e Luís Felipe Belmonte, empresário envolvido no caso.

2. Ataques ao STF e eleições
A investigação revelou ainda ações de difamação contra os ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Segundo a PF, Marcelo Bormevet, que atuava na Presidência da República, e Giancarlo Rodrigues, na Abin, produziram dossiês falsos e disseminaram fake news para atacar a credibilidade das autoridades. O material falso contra Moraes, encontrado em um dispositivo de armazenamento, tentava associar o ministro ao delegado Osvaldo Nico Gonçalves. O objetivo era difundir desinformação e atacar a credibilidade do STF.

Já as ações contra Barroso incluíam a criação de informações falsas, relacionadas a declarações de perfis nas redes sociais. Bormevet e Giancarlo usaram seus cargos na Abin para atacar o assessor de Barroso, visando enfraquecer a imagem do ministro do STF e do TSE.

3. CPI da Covid
Conforme as investigações da PF, a Abin também teria sido utilizada, de forma clandestina, contra o senador Alessandro Vieira, que participava da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid do Senado. O colegiado apurou possíveis irregularidades praticadas pelo governo Bolsonaro na condução da pandemia da Covid-19 no País. Ao final dos trabalhos, a comissão propôs o indiciamento do ex-presidente, ex-ministros e de uma série de pessoas ligadas a Jair Bolsonaro.

Alessandro Vieira apresentou um requerimento para que Carlos Bolsonaro, o filho 02 de Jair Bolsonaro, prestasse esclarecimentos à CPI e também para que fossem quebrados os sigilos bancário, fiscal, telefônico e de mensagens do vereador do Rio de Janeiro.

4. Minuta de golpe
De acordo com a PF, além de possíveis irregularidades no âmbito da instrumentalização da Abin, alguns dos supostos envolvidos no esquema tinham conhecimento de outras ilegalidades — por exemplo, a “minuta do golpe” que circulou no governo Jair Bolsonaro. Durante a apuração, a PF interceptou mensagens trocadas entre Marcelo Bormevet e Giancarlo Rodrigues que incluem – nas palavras dos investigadores – “referências relacionadas ao rompimento democrático” e “no mínimo, potencial conhecimento do planejamento das ações que culminaram na construção da minuta do decreto de intervenção”.

5. Espionados e investigados
A lista de pessoas espionadas pela organização criminosa inclui ministros, parlamentares, auditores fiscais e jornalistas. São eles:

Os ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux;
O atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o deputado Kim Kataguiri (União-SP) e os ex-deputados Rodrigo Maia, que foi presidente da Câmara, Joice Hasselmann e Jean Wyllys (PSOL).
Senadores: Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), que integravam a CPI da Covid no Senado.
Poder Executivo: João Doria, ex-governador de São Paulo; os servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges; os auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.

Os policiais cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Foram presos e foram alvos de busca e apreensão Mateus de Carvalho Sposito, Richards Dyer Pozzer, Rogério Beraldo de Almeida, Marcelo Araújo Bormevet e Giancarlo Gomes Rodrigues.

 

 

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