Poucos seriam capazes de reunir Dilma Rousseff, Lula, Geraldo Alckmin, José Serra, Renan Calheiros, Eduardo Cunha, David Uip, todos sentados em uma mesma mesa para festejar um casamento. Cláudia Cozer e Roberto Kalil conseguiram o feito, de forma aparentemente harmoniosa, no sábado (9), em uma bem organizada festa com 700 convidados de todas raças e credos no evento que oficializou a união de dez anos do casal de médicos. Ele, cardiologista; ela, endocrinologista.
Dilma, madrinha, posou para intermináveis selfies, sorrindo – mas o espírita João de Deus, que veio de Abadiânia, Goiás, foi o mais assediado de todos. “Estou impressionado com o medo que as pessoas têm de ficar doente ou morrer”, brincou um paciente empresário, ao constatar o tamanho da adesão à festa. Enquanto isso, lá fora, cerca de 25 pessoas promoviam um barulhento panelaço, com gritos de “Fora Dilma” e “Fora PT”, apesar do acordo feito entre a organização do casamento e movimentos de protesto, que haviam prometido respeitar o evento particular. Pelo que se apurou, mesmo sem a participação de uma organização maior, como o Vem para Rua, alguns integrantes do Acorda Brasil passaram um bom tempo diante do buffet Leopolldo do Itaim.
Outro pequeno entrevero – ou grande, dependendo de quem contava – atrapalhou a chegada dos convidados. O comboio de Dilma simplesmente errou o caminho do aeroporto para o Leopolldo. Perdidos, ligaram sirenes e acabaram entrando no local pela contramão, com isso atraindo o panelaço. Resultado: a rua, por causa disso, foi fechada, o que obrigou Serra, Alckmin e o secretário Alexandre Moraes a esperar 40 minutos dentro dos carros. Serra chegou furioso, Alckmin calmo e Moraes ameaçou ir embora. A truculência da segurança de Dilma foi notada por muita gente. Aparentemente, faltou treino ao pessoal, especialmente ao motorista, que não conseguia engatar uma simples marcha à ré para desobstruir a única pista para passagem dos veículos.
Noiva a postos, a cerimônia emocionou. Um altar foi montado, cadeiras enfileiradas. No outro salão, mesas redondas, cheias de orquídeas, diferenciavam o ambiente. O buffet foi do próprio Leopolldo, apoiado pela banqueteira Mazzô. Bebidas? Baron de Rothschild e Chateau Lafite Monteil. Depois do jantar, show de Tiago Abravanel empolgou a plateia, em um momento em que Dilma já tinha ido embora. A presidenta teve que sair às 23h por causa do fechamento do aeroporto de Congonhas. O noivo interrompeu a performance do neto de Silvio Santos para uma homenagem à sua mulher. Tocou “Imagine”, dos Beatles, em um saxofone. Playback? “Nada disso, estou estudando aos domingos e, dos mais de 3 minutos da música, já consigo tocar 42 segundos”, orgulha-se o cardiologista. Que, pelo jeito, está com os pulmões à toda.
Fernando Haddad ficou pouco, foi notado que Lulinha está muito parecido com o pai, Benjamin Steinbruch compareceu, mas o empresário que ficou mais tempo foi Walter Torre. No variado arraial dos políticos, todos conversaram com todos. Sentado ao lado de Dilma, Lula trocou ideias com a presidenta para logo depois encarar um tête-à-tête com Renan Calheiros. O ministro José Eduardo Cardozo sentou-se ao lado de Márcio Elias Rosa, procurador-geral do Estado de SP, e conversou muito com Luiz Trabuco, do Bradesco. Antonio Mariz de Oliveira passou a noite explicando as nuances da Lava-Jato a quem se aproximava… Percalço da noite: sentado à mesa principal, David Uip viu seus dois celulares… sumirem de cima da mesa. Não haviam sido encontrados até o fim da festança, que acabou às 4 da manhã. (Sonia Racy/AE)