Um acidente envolvendo um caminhão provocou vazamento de ácido sulfônico na Serra Dona Francisca (SC-418), em Joinville (SC). A substância despejada pelo veículo alcançou o Rio Seco, afluente do rio Cubatão. Para evitar a contaminação, a prefeitura da cidade decretou situação de emergência e interrompeu a captação de água da Estação de Tratamento de Cubatão.
O ácido sulfônico é uma classe de ácidos orgânicos, derivado do ácido sulfúrico. O componente serve para produzir, geralmente, materiais de limpeza como detergentes líquidos, pós e pastosos, desengraxantes, multiuso, limpa alumínio e limpadores em geral. Costuma ser o principal ingrediente ativo da formulação, especialmente por ser um tensoativo.
“Os tensoativos são usados para remover a tensão superficial da água, que é uma espécie de ‘camada’ que impede óleos e gorduras de se misturarem a água. Os tensoativos conseguem romper essa camada e isso faz com que a gordura consiga se misturar. Por isso conseguimos eliminar a gordura de uma louça com o detergente e depois lavar com água”, explica Carlos Dias, químico e mestre em Química Inorgânica pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Letalidade
De acordo com o químico, o componente pode ser extremante prejudicial para saúde pois pode afetar, dependendo da concentração, todo o organismo de quem o consumir.
“Se pensarmos na ação tensoativa, que interage tanto com moléculas polares, quanto apolares, podemos pensar em morte celular, pois, dependendo da força da substância, pode romper a parede celular e isso levar danos a diversos tecidos do corpo, principalmente do estômago e intestino”, comenta.
Dias também afirma que, por ter alta afinidade com lipídios (gorduras), o ácido sulfônico pode desestruturar a mucosa estomacal e o suco gástrico ter contato direto com a parede do estômago, levando a úlceras.
Em suas redes sociais, a prefeitura de Joinville informou que a água que está sendo distribuída pela Companhia de Águas de Joinville é própria para o consumo e que fechou preventivamente a captação para evitar a contaminação.
“Os níveis do índice de concentração do composto químico estão baixando, mas ainda não atingiram o patamar suficiente para que a estação de tratamento possa operar normalmente. O fechamento irá permanecer até que sejam finalizadas as análises químicas das amostras coletas e seja comprovado que não há risco para o consumo”, destaca.
De acordo com a Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina até o momento não foram identificados também efeitos de letalidade nos peixes ou outros animais relacionados ao vazamento.