Quinta-feira, 20 de março de 2025
Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2018
Eleito na esteira da insatisfação com as velhas práticas políticas que converteram o Congresso Nacional em um reduto de investigados por corrupção, Jair Bolsonaro (PSL) chegará ao Palácio do Planalto demonizando a política, os partidos e regras consagradas do jogo parlamentar – do qual ele próprio faz parte como deputado federal. Agora, será a vez de governar com as forças que atacou.
Desprezando as cúpulas partidárias, em um primeiro momento ele tentará implementar uma agenda política com novatos e setores periféricos da Câmara e do Senado, o que até pode dar certo enquanto durar a “lua-de-mel” com o eleitor. No longo prazo, porém, as dificuldades para implementar reformas impopulares tendem a submetê-lo a um cenário de dificuldades e empecilhos.
Pautas como a flexibilização do Estatuto do Desarmamento e a redução da maioridade penal devem ser tocadas de forma mais ágil, “construindo pontes” com o respaldo das urnas e de setores como a “bancada da bala”. Já a reforma da Previdência é considerada o grande desafio para o governo que assumirá em janeiro.
Caciques
A intenção de Bolsonaro é esvaziar o poder de caciques partidários, em prol de uma linha direta de negociação do Planalto com deputados e bancadas temáticas – ruralista, evangélica, da segurança. A popularidade será o principal instrumento da estratégia de fazer de cada votação no Legislativa uma espécie de “plebiscito” entre quem está e quem não está ao lado do novo presidente.
Políticos experientes não acreditam no sucesso desse método. “A popularidade de Bolsonaro inibirá traições e discordâncias no início, mas o inevitável desgaste do governo o obrigará a negociar”, prevê um consultor. “O próximo governo foi eleito com a promessa de mudar a maneira de fazer política, o que inclui não distribuir postos ministeriais, cargos e verbas para construir uma coalizão no Congresso.”