Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de maio de 2023
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, está no Brasil em uma visita considerada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma retomada das relações com o país vizinho após anos de desgaste.
O líder chavista chegou a Brasília na noite de domingo (28), acompanhado da primeira-dama venezuelana, Cilia Flores, e foi recebido no aeroporto pela secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, a embaixadora Gisela Padovan.
Ao desembargar, Maduro agradeceu à “calorosa acolhida” e afirmou que veio ao Brasil para promover uma agenda diplomática que reforce a “união dos povos do continente”.
A visita de Maduro, que não vinha ao Brasil desde a posse de Dilma Rousseff em 2015, foi criticada pela oposição ao governo Lula. Nas redes sociais, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro chamaram o líder venezuelano de “ditador” e disseram que o petista está apoiando uma “ditadura comunista”.
O líder venezuelano esteve no Brasil para participar de uma reunião com os presidentes dos 12 países da América do Sul, proposta pelo presidente Lula.
A presença de Maduro no país foi aproveitada para que Brasil e Venezuela avancem no processo de “normalização das relações bilaterais”, segundo o Ministério das Relações Exteriores. Na pauta do encontro estavam, por exemplo, a reabertura das respectivas embaixadas e de setores consulares fechados nos últimos anos.
Oposição
Representantes da oposição e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticaram a presença de Nicolás Maduro no Brasil, chamando-o de “ditador” e acusando-o de ter cometido diversos crimes como presidente da Venezuela.
O senador Flávio Bolsonaro (PL) afirmou, em uma postagem no Twitter, que Lula demostrou “falta de compromisso com a democracia” ao receber Maduro, “acusado de crimes contra a humanidade, como assassinatos, tortura, agressões, violência sexual e desaparecimentos”.
Já o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (PL) criticou que Maduro, chamado por ele de “ditador”, tenha sido recebido com “honras de Estado” em Brasília. “Outro sinal negativo para a comunidade internacional pelo governo Lula. Será cobrado do ditador o restabelecimento da democracia e dos direitos humanos na Venezuela?”, questionou.
O deputado Eduardo Bolsonaro citou uma acusação dos Estados Unidos, feita em 2020, de que Maduro teria relações com o narcotráfico pelo suposto apoio da Venezuela ao grupo paramilitar colombiano Farc.
Estados Unidos
Em março de 2020, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou Maduro e outros membros do alto escalão do governo da Venezuela de integrar o Cartel Los Soles, que atuaria em conjunto com as Farc para traficar cocaína para os EUA. O grupo era suspeito de facilitar o envio de drogas a partir da Venezuela, ao permitir que os narcotraficantes operassem aviões a partir de uma base aérea no país.
As acusações foram apresentadas pelo secretário de Justiça, William Barr, contra Maduro e outras 14 pessoas, entre elas o ministro da Defesa da Venezuela e o presidente da Suprema Corte. Além de relações com o narcotráfico, a denúncia citada crimes como lavagem de dinheiro e corrupção.
Na ocasião, os EUA também ofereceram uma recompensa de US$ 15 milhões por informações que pudessem levar à prisão de Maduro.
A denúncia ocorreu em meio a uma campanha de pressão do governo de Donald Trump para forçar a saída de Maduro do poder. A Casa Branca também considerada o governo do chavista ilegítimo e apoiava Guaidó, o líder da oposição.