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Redação O Sul
| 8 de setembro de 2020
Janeiro é daqui a quatro meses. Para vacinar os brasileiros nesse prazo, como previu o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, seria bom que o ministério apresentasse a vacina que usará, o resultado dos testes dela, a fábrica pronta em que a produzirá e as compras de insumos, como seringas. Isso sem falar na logística, que não é trivial, mesmo tendo o Brasil experiência em imunização. Há oito vacinas contra o coronavírus em fase três, a mais avançada. Três delas estão em teste no Brasil.
Posto isso, a declaração de Pazuello a uma youtuber de 10 anos que participou de uma reunião ministerial a convite do presidente Jair Bolsonaro, que continua a se manifestar contra a obrigatoriedade de se vacinar, é só mais uma promessa. Como a dos 23 milhões de testes que o Ministério da Saúde prometeu em março e não cumpriu até agora. O Brasil aplicou menos de 15 milhões de testes, numa salada epidemiológica, que mistura exames de RT-PCR, padrão ouro; com testes rápidos sorológicos, a maioria deles, inútil.
Enquanto isso, a chinesa CNBG, gigante da biotecnologia que tem duas das oito vacinas em fase de testes mais avançados do mundo, disse hoje que “centenas de milhares de chineses” já foram imunizados, sem que tenha havido “um só caso de infecção”. A vacinação em massa de profissionais de linha de frente é parte do plano de emergência do país. São da CNBG os institutos de Wuhan e Pequim. Nenhuma dessas vacinas está em teste no Brasil.
Suspensão de testes
A farmacêutica AstraZeneca confirmou nessa terça-feira (8) que fará uma pausa no estudo de sua vacina de covid-19, que desenvolve em parceria com a Universidade de Oxford, após um dos voluntários do teste ter sofrido um episódio de reação adversa no Reino Unido. A vacina está em teste também com voluntários no Brasil. A divisão brasileira da AstraZeneca e a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) ainda não se pronunciaram sobre o assunto. Mais cedo, Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, havia dito que a intenção do governo brasileiro é começar a vacinação em janeiro de 2021.
“Como parte de um teste controlado, randomizado global da vacina de coronavírus de Oxford, nosso procedimento padrão de revisão desencadeou uma pausa na vacinação para permitir a revisão de dados de segurança”, disse a AstraZeneca no comunicado. “Esta é uma ação de rotina que precisa ocorrer sempre que há problema de saúde inexplicado em potencial em um dos testes, enquanto é investigado, garantindo a manutenção da integridade dos testes”, continua no comunicado.
Em junho, o Ministério da Saúde anunciou um acordo com Oxford para a produção inicial de 30,4 milhões de doses da vacina contra a covid-19, com investimento de US$ 127 milhões. O primeiro lote foi anunciado para dezembro e o segundo em janeiro pela Bio-Manguinhos, laboratório da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
A informação sobre a pausa foi noticiada pelo site de conteúdo médico STAT, ligado ao jornal Boston Globe, com base em fontes de informação anônimas. Mais tarde, a empresa confirmou que fará a interrupção em nota enviada a diversos veículos de imprensa de língua inglesa, como a rede de TV NBC e o jornal Financial Times.