Domingo, 17 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de setembro de 2024
O Natal está chegando mais cedo na Venezuela: o ditador Nicolás Maduro antecipou para o dia 1° de outubro. Ao mesmo tempo em que escala a repressão aos opositores, ele diz que a celebração virá com “paz, felicidade e segurança”.
“Em homenagem a vocês, em agradecimento a vocês, vou decretar o adiantamento do Natal para o dia 1º de outubro. Para todos e todas, chegou o Natal”, anunciou Nicolás Maduro na segunda-feira (2), mesmo dia em que a Justiça, de viés chavista, ordenou a prisão do líder opositor Emundo González.
Em resposta, a Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) criticou o uso político da festividade católica. “O Natal é uma celebração universal. A maneira e a época de sua celebração é uma questão de autoridade eclesiástica. Não deve ser usado para propaganda ou para fins políticos específicos”, diz a nota, destacando que o período natalino começa em 25 de dezembro, data que marca o nascimento de Jesus Cristo.
Apesar das queixas da Igreja Católica, o Natal antecipado virou tradição na Venezuela depois que Nicolás Maduro chegou ao poder – acontece praticamente todo ano, desde 2013. As datas e as desculpas podem variar, mas os anúncios costumam evocar a mensagem de paz e felicidade.
É que a celebração acompanha o bônus pago aos servidores públicos. Além disso, o regime costuma intensificar a distribuição de alimentos, incluindo presuntos e pernis. Por isso, a data pode variar a depender da necessidade do chavismo de mudar o foco, seja da crise econômica, da pandemia, ou das eleições sob suspeita de fraude.
Dessa vez, o anúncio escancara a distância entre o discurso chavista de prosperidade e a realidade de turbulência na Venezuela.
Nicolás Maduro foi reeleito sem apresentar os dados da votação. A oposição, por sua vez, afirma que Edmundo González teve cerca de 70% dos votos e publicou as cópias das atas que comprovariam a fraude do chavismo. González passou a ser investigado e está ameaçado de prisão.
Outras 2,4 mil pessoas, incluindo menores de idade, foram detidas nos protestos contra o resultado das eleições. Enquanto famílias angustiadas faziam fila do lado de fora dos centros de detenção em busca de notícias de seus entes queridos, Maduro anunciou o início do Natal.
Esse é um feriado muito celebrado na Venezuela. Parentes e amigos costumam se reunir por dias antes da data para preparar comidas típicas e cantar músicas populares. Nos últimos anos, contudo, as festividades diminuíram com famílias separadas pela crise, que espalhou quase 8 milhões de imigrantes venezuelanos. As informações são dos jornais O Estado de S. Paulo e The New York Times e da agência de notícias AFP.