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Por Redação O Sul | 18 de fevereiro de 2018
“Tem mulher que dorme com cinco cobertores quando o tempo muda um pouquinho, enquanto o homem continua só com um lençol”, lembrou o dermatologista Leonardo Abrucio, do Hospital e Maternidade Santa Catarina, de São Paulo. E essa diferença de temperatura não é apenas uma “frescurinha”.
Uma reportagem publicada no site Xatakaciencia explicou que as mulheres sentem frio e calor antes dos homens. Assim, quando eles começam a tremer ou transpirar, o organismo delas já havia detectado antes a mudança de temperatura, aquecendo ou esfriando a pele de acordo com a necessidade do momento, pois o organismo delas foi biologicamente melhor preparado para isso. “Há uma teoria que diz que o centro termorregulador do hipotálamo da mulher faz com que ela não produza tanto calor quanto o homem, mas é algo controverso ainda. Tem gente que não concorda com essa teoria, mas sabemos que, na prática, elas sentem muito mais frio”, destacou o dermatologista.
O que acontece com o corpo
Fisiologicamente, esta diferença de percepção de frio e calor entre os sexos se dá por causa da quantidade de pelos, pela constituição física e pelos hormônios. Segundo Abrucio, os pelos possuem nervos que se contraem e ajudam a elevar a temperatura corporal. Como as moçoilas estão sempre depiladas, tendem a ter menos contrações acontecendo abaixo da pele e tremem com qualquer brisa.
A constituição corporal, ou seja, a quantidade de gordura que temos em nosso organismo também ajuda a regular a temperatura. Por isso, gordinhos tendem a sentir mais calor do que os magros. Os hormônios também são responsáveis pela disputa das cobertas durante a noite. A testosterona, que é o hormônio masculino, colabora para que o corpo do homem produza e retenha mais calor que o das mulheres. Assim, é possível entender o porquê de elas sentirem ondas de calor durante a menopausa, quando a produção de estrogênio dá lugar a um aumento da testosterona. “Aquelas que têm problemas hormonais costumam sofrer deste mesmo problema”, ressaltou Abrucio.
Sutis diferenças
Segundo o dermatologista, as mulheres são mais dependentes da luz do sol do que os homens e, algumas, chegam a se viciar em tomar sol. “Há pacientes que não deixam de se bronzear mesmo depois do diagnóstico de câncer de pele. São pessoas que precisamos até encaminhar ao psiquiatra”, destacou, explicando que os casos de depressão em locais com inverno rigoroso tendem a ser maiores entre elas e, mesmo nos dias nublados, as mulheres ficam mais sensíveis e caladas do que os homens. “Provavelmente há algum receptor de endorfinas no cérebro delas, que é ligado ao calor do sol”, sugeriu.
Imposição social
Abrucio recordou um fato que ganhou repercussão nacional durante o verão, quando homens foram impedidos de entrar em alguns restaurantes mais sofisticados porque estavam trajando bermudas. “Lembro que um colunista de moda chegou a dizer que o problema eram os pelos dos homens. Isso me fez pensar que, socialmente, devemos esconder os pelos e, por isso, ao usar mais roupas, o homem que já é calorento vai sentir ainda mais calor. Por outro lado, em algumas profissões as mulheres não podem usar calça comprida, fazendo com que a exposição da pele colabore para que elas também sintam mais frio”, finalizou.