Domingo, 02 de fevereiro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Geral Saiba porque o termo “aborto espontâneo” deveria ser substituído por “perda gestacional”

Compartilhe esta notícia:

Chrissy Teigen divulgou fotos com o filho natimorto nos braços. (Foto: Reprodução/Instagram)

Na última quarta-feira (30), a apresentadora americana Chrissy Teigen, em fotos e texto sensíveis, íntimos e profundos, compartilhou a dor de ter perdido seu bebê, Jack, no meio da gravidez. Ao expor este assunto velado, acolheu todas as mulheres que passaram pelo mesmo e levantou um debate nos Estados Unidos que serve para a língua portuguesa também: o fato da expressão “aborto espontâneo” vir carregada de estigma (afinal, o direito ao aborto é uma das questões caras ao feminismo globalmente) e não trazer a carga de empatia que este luto merece.

Para qualquer mulher, seja ela famosa, anônima, progressista ou conservadora, a interrupção não desejada de uma gravidez desejada é uma dor imensurável. Por isso, Anne-Marie Tomchak, editora da Glamour britânica, fez um tweet que viralizou explicando o quanto mais adequado é o uso do termo “perda gestacional” no lugar de “aborto espontâneo”. Ainda rebateu quem condenou o fato de Chrissy compartilhar fotos com o marido, o cantor John Legend, e o filho natimorto nos braços, no quarto do hospital.

“O luto é frequentemente associado a algo para fazer em particular. Mas, para muitos, o compartilhamento online é um mecanismo de enfrentamento”, explicou Anne. “Tendo passado por essa perda várias vezes, posso dizer que é uma dor complicada – não falada e muitas vezes minimizada.”

A escritora americana Ilana Kaplan fez coro: “As pessoas parecem ter muitas opiniões sobre como uma mulher compartilha sua perda de gravidez, mas o que eles não percebem é o quão importante é que ela esteja normalizando a conversa em torno de algo que as mulheres mantêm em segredo por vergonha”. E está aí a raiz da questão. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, entre 10 e 20% das gravidezes clinicamente comprovadas resultam em perda gestacional – das quais 80% ocorrem no primeiro trimestre. Pelo menos metade de tais abortos é consequência de um número anormal de cromossomos do embrião e em nada tem a ver com possíveis “falhas” da gestante.

Ainda assim, há muito e muito tempo, tal perda vem sendo algo com que se lida em silêncio. Já ouviu falar que só pode espalhar a notícia das gravidez após 12 semanas, quando o risco de aborto é menor? “Ora, se acontecer, quem celebrou comigo vai sofrer comigo, me amparar.” Não? Aparentemente não para todas nessa sociedade patriarcal em que ser mulher é um fardo e, reproduzir-se, uma função inerente. “Essa lógica estigmatiza a perda gestacional, colocando-a como algo que é culpa da mulher ou acontece apenas com quem ‘merece'”, escreveu a psicóloga Jessica Zucker, especialista em saúde mental materna. Ela aponta que, em uma pesquisa realizada em 2015, 47% das mulheres que passaram por isso disseram se sentir culpadas, 41% acham que fizeram algo errado e 76% acreditam que a perda pode ter sido causada por um acontecimento estressante.

E a verdade é que a questão vai muito além de criar um ambiente sem estresse, manter o pré-natal em dia, fazer yoga, meditar ou tomar 575869 vitaminas. É uma questão genética, um destes mistérios da vida, como bem pontuou uma amiga tão, tão querida que teve a gravidez de sua menina interrompida recentemente. Aliás, pelas redes, percebe-se que ela se sentiu abraçada, acolhida, de mãos dadas com Chrissy após seu post-desabafo. Assim como a atriz britânica Kate Beckinsale, que, em resposta a Chrissy, revelou ter sofrido o mesmo, em segredo, e isso não diminui em nada a sua dor.

“Anos atrás, perdi um bebê com 20 semanas. Eu consegui manter minha gravidez em segredo, desabei por dentro e ninguém sabia de nada. Muitas vezes há tristeza, vergonha e choque que vêm com uma experiência como essa, além mágoa de seu corpo continuar, após a perda, a agir como se tivesse um filho para gerar. Seu leite chega, sem ninguém para alimentar”, contou. “Tenho notado pessoas criticando Chrissy por compartilhar fotos profundamente íntimas da perda de seu bebê. Como se houvesse algum protocolo durante uma calamidade dessas que apaga a alma e que faz pessoas que não conhecem a sua família tenham a ousadia de dizer como ela deveria lidar com o inimaginável.”

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Geral

O Brasil já negociou um total de 225 mil toneladas de arroz, que deverão entrar no País na segunda quinzena de outubro
Urano e chuva de meteoros Orionídeos se destacam em outubro
https://www.osul.com.br/saiba-porque-o-termo-aborto-espontaneo-deveria-ser-substituido-por-perda-gestacional/ Saiba porque o termo “aborto espontâneo” deveria ser substituído por “perda gestacional” 2020-10-03
Deixe seu comentário
Pode te interessar