A última semana entrou para a história como um marco no processo de combate à pandemia de Covid-19 no planeta. No dia 5, a Rússia, com sua Sputnik V, se tornou o primeiro país a iniciar a imunização de seus cidadãos contra a doença. Pouco depois, no dia 8, o Reino Unido começou o processo de vacinação da população, dessa vez com o imunizante da Pfizer/BioNTech.
Com o início do processo de vacinação nos dois países, muitas pessoas ao redor do mundo se animaram e ficaram ansiosas para serem logo imunizadas. O processo, porém, varia de acordo com cada local do planeta e, por isso, o andamento da aplicação das substâncias contra a Covid-19 tem data e prazo diferente ao redor de todo o mundo.
Até este domingo (13), apenas Rússia e Reino Unido, na Europa, haviam iniciado o processo de vacinação de seus cidadãos. Os dois imunizantes utilizados, Sputinik V e Pfizer/BioNTech, respectivamente, ainda não tiveram os estudos totalmente finalizados, mas foram aprovados pelos governos locais e oferecidos à população.
Os próximos na corrida contra o vírus
Neste sábado (12), os Estados Unidos deram um passo importante para o início da vacinação de sua população. O Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização do Centro para Controle e Prevenção de Doenças do país votou para recomendar a vacina contra coronavírus Pfizer/BioNTech para pessoas com 16 anos ou mais.
A FDA (US Food and Drug Administration) também autorizou na sexta-feira (11) a vacina contra o coronavírus da Pfizer e da BioNTech para uso emergencial nos Estados Unidos.
Com a decisão, as primeiras remessas da vacina devem ser enviadas diretamente para 600 localizações ainda neste domingo (13) e o país, que sofre com recordes de novos casos da doença, deve ser o próximo a imunizar seus cidadãos.
No vizinho Canadá a expectativa é que a vacinação tenha início também na semana que começa nesta segunda-feira (14). “As primeiras 30 mil doses devem chegar ao solo canadense em apenas alguns dias. Digo para todos os canadenses: se você está se sentindo aliviado e esperançoso, você não está sozinho, essa é a boa notícia de que todos precisamos. Mas lembre-se que esta é apenas a primeira etapa do que será um grande projeto durante um longo inverno”, afirmou Trudeau durante uma coletiva de imprensa na última sexta-feira.
Ainda na América do Norte, o México também aprovou o uso emergencial da vacina contra a Covid-19 da Pfizer/BioNTech, após obter autorização da agência reguladora Cofepris. O governo local espera começar a vacinar profissionais de saúde já na próxima semana, assim que receber as doses do imunizante que comprou até o momento.
Na Europa, Portugal, que tem 10 milhões de habitantes, tem contratos para comprar 22 milhões de doses de vacinas. A ministra da Saúde local, Marta Temido, disse no mês passado que espera que o país esteja pronto para começar a distribuir vacinas já em janeiro.
Quem anunciou que deve vacinar sua população ainda em 2020 foi a Turquia. O país pretende usar a chinesa Coronavac, imunizante da farmacêutica Sinovac, até o fim deste mês, depois que a análise de um licenciamento doméstico for concluída, disse o ministro da Saúde do país, Fahrettin Koca, na terça-feira (08).
A vacina, que passa por testes de estágio avançado na Turquia e em outros países, entre eles o Brasil, precisaria de mais duas semanas de testes e análises. Em novembro, a Turquia assinou um contrato para comprar 50 milhões de doses da Coronavac, a serem entregues em lotes entre dezembro e fevereiro. Bahrein e Arábia Saudita também já aprovaram a vacina da Pfizer, mas ainda não anunciaram as datas para o início da aplicação do imunizante.
China
Epicentro da pandemia no mundo, a China, atualmente, tem cinco candidatos a vacina de quatro empresas que alcançaram a fase 3 dos ensaios clínicos, a última e mais importante etapa do teste antes que a aprovação regulamentar seja solicitada.
Tendo eliminado em grande parte o coronavírus dentro de suas fronteiras, as farmacêuticas chinesas tiveram que procurar locais no exterior para testar a eficácia de suas vacinas. Juntas, elas implementaram testes de fase 3 em pelo menos 16 países. O governo local, que já imunizou funcionários da área de saúde do país, ainda não anunciou uma data definida para a imunização da população.
Argentina
Na América do Sul, a Argentina pode se tornar o primeiro país do continente a vacinar seus cidadãos. Em anúncio feito na quinta-feira (10), o presidente Alberto Fernandez anunciou que assinou um contrato com a Rússia que permitirá que 300 mil pessoas sejam imunizadas contra o novo coronavírus com a vacina Sputnik V até o final de 2020.
Ele disse ainda que, até fevereiro, a Argentina terá doses suficientes para vacinar 10 milhões de pessoas. A expectativa é receber doses para administrar a cinco milhões de pessoas em janeiro e em fevereiro o restante das doses necessárias para chegar a 10 milhões.
Neste sábado, o ministro da Saúde do Chile, Enrique Paris, afirmou que, na próxima semana, o governo local vai analisar dados sobre a performance da vacina da Pfizer e deve fazer um anúncio oficial baseado nos números. “Não posso dar nenhuma data, mas faremos todos os esforços para começar o programa de vacinação contra o coronavírus o mais rápido possível
Brasil
No Brasil, a expectativa é que a vacinação comece no final de janeiro, ao menos em São Paulo, onde o governador João Doria (PSDB) já estipulou um prazo para o início do processo de imunização.
Neste sábado, o Ministério da Saúde entregou um Plano de Imunização federal ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas não estipulou prazos para o início da vacinação no país.
De acordo com os dados do documento, o Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 foi finalizado na última quinta-feira (19). O Ministério da Saúde destaca que “está fazendo prospecção de todas as vacinas” e lista 13 imunizantes que podem ser adquiridos pelo governo brasileiro, entre elas a Coronavac, que está sendo fabricada pelo Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
De acordo com o ministério, serão necessárias 108 milhões de doses para a primeira fase de vacinação prioritária, que inclui trabalhadores da saúde e idosos.
O plano também diz que o governo já garantiu 300 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 por meio de três acordos. Segundo o documento, foram disponibilizados R$ 1,9 bilhão para ser empenhado em encomenda tecnológica para a aquisição de 100,4 milhões de doses de vacina pela AstraZeneca/Fiocruz e R$ 2,5 bilhões para adesão ao Consórcio Covax Facitity, o que garantirá a aquisição de 42 milhões de doses de vacinas.
Além disso, o governo prevê investimento de R$ 62 milhões para aquisição de mais 300 milhões de seringas e agulhas. Por conta da corrida pela vacina, 7 bilhões de doses, dos mais variados laboratórios, já foram reservadas em todo o mundo.