Quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de setembro de 2018
Os golpes contra os consumidores não param. Por telefone, WhatsApp ou pelo banco, os criminosos criam armadilhas cada vez mais engenhosas para atrair vítimas.
Somente no primeiro semestre deste ano, a PSafe detectou 120 milhões de links maliciosos. Aproximadamente um em cada três brasileiros foi alvo nos primeiros seis meses do ano. O número é 95,9% maior que o registrado no mesmo período de 2017. Isso significa que foram detectados oito links maliciosos por segundo, o equivalente a mais de 28 mil por hora. Os homens acessaram o dobro de links maliciosos no segundo trimestre deste ano, em comparação com as mulheres.
A principal forma de ataque cibernético foi o pishing (mensagens falsas) via aplicativo de mensagem (57,4%), em que circula um link para uma página web de uma oferta falsa, que induz o usuário a fornecer seus dados pessoais e/ou compartilhar um link com seus contatos em troca de alguma vantagem.
Em seguida, aparecem publicidade suspeita (19,2%), notícias falsas (7%), pishing de e-mail (4%), pishing bancário (3,8%), golpe do SMS pago (3,1%) e pishing de premiação falsa (3%).
Segundo o diretor do Dfndr Lab, Emilio Simoni, os hackers se aproveitam de grandes eventos para intensificar os ataques:
“Isso aconteceu com a Copa do Mundo, que foi alvo de pelo menos 69 golpes, sendo que 98,1% prometiam camisas da Seleção. O mesmo deve acontecer com as eleições agora. O objetivo final desses golpes é sempre é ganho financeiro.”
Advogado especialista em direitos do consumidor e fornecedor, Dori Boucault ressalta que idosos costumam ser as vítimas preferidas.
“As pessoas acreditam em falsas notícias espalhadas pela rede e facilitam a entrada de golpistas em suas casas.”
Cartões
No Rio de Janeiro, bandidos estão conseguindo enganar, principalmente idosos, dizendo que são da central de segurança do banco. Para aplicar o golpe, uma pessoa da quadrilha chega a ir até a casa dos “clientes” de moto e busca os cartões.
Um idoso, vítima dessa quadrilha se assustou ao perceber que tinha uma dívida de quase R$ 14 mil reais nos cartões de crédito.
“Fiquei alucinado porque o meu perfil de compras é em torno de R$ 500 e tinha uma compra de R$ 9 mil em um cartão e R$ 5 mil no outro. R$ 14 mil eu enlouqueci”, disse o idoso.
A vítima recebeu um telefonema no dia 5 de julho. Os bandidos se identificaram como sendo da central de segurança dos cartões de crédito e falaram que os cartões estavam sendo utilizados indevidamente.
Os bandidos orientaram a vítima a ligar para o número que fica atrás do cartão. O idoso ligou e quem atendeu foram os bandidos.
“Quando eu falei em bloquear os cartões eles pediram: ‘vamos fazer uma conferência aqui primeiro, pra efeito de segurança’. Sabiam todos os meus dados pessoais: identidade, CPF, filiação e todas as minhas compras nos dois cartões. Uma a uma. Eles foram falando e eu disse, ‘essa eu comprei, essa eu comprei’, tudo bem. Eles disseram ‘vou transferir pra bloquear os cartões’. Transferiram a ligação, claro que era gravação, e eu digitei os números dos cartões e as senhas”, disse o idoso.
De acordo com a vítima, os bandidos disseram que “estava tudo bem” e, fingindo ser da central de segurança do cartão, que estavam fazendo investigações com as polícias Civil e Federal. Os bandidos orientaram o idoso a entregar o cartão e disseram que ele poderia até entrega-lo cortado.
“É uma quadrilha que está agindo em São Paulo e Rio, se o senhor puder nos entregar o cartão, o senhor pode cortar no meio o cartão e tudo, eu mando apanhar, é mais fácil a gente ir nas lojas, saber direitinho o que aconteceu para investigar. Eu falei: ‘tudo bem’. ’O senhor faz uma declaração, dizendo que o senhor não gastou nada’”, explicou a vítima.
“O motoboy veio, eu cortei os cartões, fiz a declaração, botei num envelope, desci. Pedi a carteira, pedi o CPF, conferi o nome que eles tinham me dado e entreguei para o motoboy. Mas cortei em quatro partes do cartão, não cortei em duas não, mas não sei se peguei o chip, não me recordo. Entreguei e foi-se o cartão”, completou.
No golpe do motoboy, as compras foram feitas com dois cartões de crédito de bancos diferentes. Um dos bancos disse que vai devolver o valor gasto pelos bandidos.