Quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de julho de 2020
Qual é a linha que separa os benefícios do café de eventuais efeitos prejudiciais sobre a nossa saúde?
“Recentes estudos já demonstraram que o café é capaz de proteger a saúde do coração e prevenir doenças degenerativas, como Alzheimer e Parkinson”, aponta a médica Cíntia Cercato, endocrinologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Por outro lado, abusar do café pode causar arritmia, agitação, irritabilidade, nervosismo e insônia. Em gestantes, o consumo acima da quantidade segura pode causar atraso na formação cerebral do feto.
Um estudo da USP divulgado na revista “Clinical Nutrition” em julho de 2019 também concluiu que o consumo acima de 3 xícaras (720 ml) de café pode causar pressão alta em pessoas predispostas a desenvolver hipertensão. A dose vai variar conforme a constituição da pessoa.
Quantidade segura
A endocrinologista Cercato afirma que não há problema tomar café todos os dias, mas alerta, citando a European Food Safe Authority, que a dose diária de cafeína depende de cada pessoa:
1-Adulto saudável com cerca de 70 kg: de 300 a 400 miligramas de cafeína (o equivalente a 4 xícaras de café coado);
2-Crianças (a partir de 2 anos) e adolescentes: 100 miligramas de cafeína (cerca de 1 xícara coado);
3-Gestantes e lactantes: 200 miligramas de cafeína (cerca de 2 xícaras coado);
4-Sensíveis à cafeína: de 100 a 200 miligramas de cafeína.
O café expresso tem o triplo de cafeína que o coado. Para fazer o cálculo de quantas xícaras tomar, deve-se considerar que: 125 ml (meia xícara) de café coado tem 85 mg de cafeína; Apenas 30 ml de café expresso tem 60 mg de cafeína.
Vale lembrar que a cafeína está presente no cacau, no guaraná e em alguns chás. Por isso, não deve ser contabilizada somente a cafeína do café, mas de tudo o que consumimos no dia (por exemplo: chocolate, achocolatado, refrigerante à base de guaraná ou cola, chá etc).
Quem deve maneirar na dose
Além de grávidas, sensíveis à cafeína e crianças e adolescentes, Cercato alerta que devem consumir café com moderação os cardiopatas e as pessoas que fazem uso de suplementos de academia, produtos ricos em cafeína.
“O café não é proibido aos cardiopatas, mas eles devem fazer uso moderado para não sentirem seus efeitos colaterais, como a arritmia”, explica a endocrinologista do HC da USP.
Café vicia?
Segundo Cercato, não há estudos científicos que comprovem que o consumo do café pode causar vício.
Como adoçar
A nutricionista e doutora em Nutrição Humana pela Universidade de Brasília, Alessandra Gaspar Sousa, explica que o ideal é tomar o café puro, mas se quiser adoçar, deve-se substituir o açúcar branco por: Melado de cana; Açúcar demerara; Açúcar de coco; Açúcar mascavo; Adoçantes à base de stévia.
A barista Isabela Raposeiras explica que o café “não precisa ser amargo. O café de qualidade, aliás, não é amargo.” Por isso, se você não tolera tomar café sem açúcar, pode ser culpa do tipo de café que toma.
Composição
Praticamente livre de contraindicações quando consumido puro e dentro do que os médicos chamam de “quantidade segura”, o café vai muito além da cafeína, famosa substância estimulante que aumenta a concentração, a disposição, a atenção, além de ajudar no desempenho esportivo.
“O café é rico em antioxidantes, minerais, vitaminas e flavonoides, mesma substância encontrada no vinho”, explica Cercato, endocrinologista do HC da USP.
Enquanto antioxidantes são substâncias químicas que ajudam a proteger nossas células de substâncias prejudiciais produzidas durante o metabolismo, os flavonoides ajudam na circulação sanguínea.
Além dessas substâncias, a ingestão de café ajuda nosso cérebro a liberar os seguintes estimulantes naturais: Dopamina – popularmente conhecida como “hormônio da felicidade”, está relacionada com a motivação; Adrenalina – hormônio relacionado com a euforia e a disposição.