O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) subiu a taxa básica de juros a 10,75% ao ano na quarta-feira (18). Esta decisão impacta de maneira prática a vida dos brasileiros de duas formas: encarecimento dos empréstimos e as aplicações financeiras de renda fixa devem entregar retornos polpudos aos investidores.
O movimento afeta especialmente os juros dos papéis de renda fixa que acompanham o CDI (como os CDBs, LCAs e LCIs) e a Selic (o Tesouro Selic), que é a taxa básica de juros da economia brasileira.
Ainda, as taxas nesse nível mexem também com a caderneta de poupança, embora em menor intensidade. A caderneta deixa de ter o rendimento subindo linearmente após a Selic estar acima de 8,5%. Abaixo desse nível, o retorno da poupança fica em 70% de quanto for a taxa.
Quando os juros superam os 8,5% (pode ser 8,51% ou 20%), a remuneração da poupança é limitada a 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais a variação da taxa referencial (TR), regra conhecida como a da “poupança velha”.
Contudo, é bom saber que, com os juros acima de dois dígitos, a TR deixou de ter retorno zero, e deve agregar algum rendimento à poupança. Apesar disso, outros investimentos de renda fixa continuam rendendo mais que a caderneta.
Mas quanto vai render?
Considerando a expectativa para os juros que está embutida nos contratos futuros, de Selic em 11,85% daqui um ano, ao aplicar R$ 1 mil em um CDB com uma remuneração de 103% do CDI, o resgate seria de R$ 1.099,80, já considerados os descontos do imposto de renda. Ou seja, uma rentabilidade líquida de 9,98% em um ano
No Tesouro Selic, passado o intervalo de um ano, após a cobrança de Imposto de Renda de 17,5% para esse intervalo, o resgate seria de R$ 1.096,30, um retorno de 9,63% em 12 meses.
Já em uma LCA ou LCI que paga 93% do CDI, como esses títulos são isentos de Imposto de Renda, a retirada seria maior, de R$ 1.108,99, ou seja, retorno de 10,9%.
Por fim, na poupança, a saída seria de R$ 1.070,20, considerando a TR prevista nesse prazo, de cerca de 0,85% ao ano. Embora pareça pouco, a diferença é grande no longo prazo. Quanto maior o tempo de aplicação, menos vantajosa é a poupança.
“Os títulos pós-fixados, ou seja, aqueles atrelados ao CDI seguem sendo os mais atrativos em todos os prazos. Isso é um reflexo das expectativas de termos juros mais altos para frente”, explica Rafael.
Mas, na corrida pelas maiores rentabilidades, os produtos mais populares entre investidores são hoje os papéis isentos de Imposto de Renda: LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas. “E as pessoas têm buscado isso com a aplicação direta nesses títulos e via aplicação em fundos de investimentos.”
Muitos papéis de renda fixa estão sujeitos a tributação do Imposto de Renda pela tabela regressiva. Para saques entre 361 a 720 dias, a alíquota é de 17,50% sobre a remuneração. Depois de dois anos, a alíquota cai para 15%.
Nas últimas semanas, vêm crescendo as expectativas entre investidores de inflação mais alta em 2024 e 2025. Este cenário leva à elevação nas estimativas para os juros, que também se reflete da curva das taxas futuras para o DI. Esse movimento é um reflexo das incertezas no cenário fiscal no país, que provocaram a “desancoragem” das projeções para esses indicadores.
Além disso, o governo anunciou a indicação de Gabriel Galípolo para a cadeira de presidente do BC no lugar de Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerra ao fim deste ano. E investidores ainda mostram que precisam ser convencidos de que a independência da autoridade monetária será mantida mesmo com um nome ligado ao Planalto na chefia da autarquia.
“O diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos deve aumentar nos próximos meses, já que lá o banco central americano está baixando juros e aqui estamos aumentando. Isso torna mais atrativa a taxa brasileira em relação à externa e deve favorecer o câmbio”, diz o planejador financeiro do C6 Bank. As informações são do jornal Valor Econômico.