Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 23 de abril de 2025
O presidente demitido do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, é filiado ao PDT e foi indicado, em julho de 2023, para a chefia da autarquia previdenciária pelo aliado e ministro Carlos Lupi (Previdência Social). A escolha de Stefanutto foi tratada como estratégica, já que ele era considerado um nome técnico com histórico na área previdenciária, o que, à época, trouxe respaldo político e técnico à sua nomeação.
Na ocasião da indicação, Stefanutto estava filiado ao PSB, partido ao qual pertencia formalmente. No entanto, em janeiro de 2024, ele trocou de legenda e se filiou ao PDT, alinhando-se definitivamente à base do ministro Carlos Lupi, responsável por levá-lo ao comando do INSS.
Nessa quarta-feira (23), ele foi afastado e posteriormente demitido do cargo por determinação da Justiça, após a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagrarem uma operação conjunta batizada de Sem Desconto, que investiga um esquema de fraudes bilionárias envolvendo descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS.
De acordo com as investigações, os descontos foram realizados entre 2019 e 2024 e os desvios podem chegar a impressionantes R$ 6,3 bilhões, configurando um dos maiores escândalos recentes envolvendo o sistema previdenciário brasileiro.
Após a operação, o PSB – partido ao qual Stefanutto ainda era filiado no momento da indicação – divulgou uma nota oficial se isentando de qualquer responsabilidade sobre a escolha. “O PSB esclarece que Alessandro Stefanutto, presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), não é indicação do partido”, diz o comunicado publicado no site da legenda. O partido ainda destacou que, apesar de sua filiação anterior, ele foi nomeado por outro grupo político.
Durante entrevista coletiva, o ministro Carlos Lupi confirmou sua responsabilidade direta pela nomeação. “A escolha de Stefanutto para a presidência do INSS foi de minha inteira responsabilidade”, afirmou, reforçando a confiança inicial depositada no ex-dirigente.
Segundo o currículo oficial do INSS, Stefanutto é graduado em Direito pela Universidade Mackenzie e mestre em Gestão e Sistema de Seguridade Social pela Universidade de Alcalá, na Espanha. Já exerceu funções relevantes como diretor de Orçamento, Finanças e Logística da autarquia, além de ter sido procurador-geral federal especializado junto ao INSS entre 2011 e 2017.
Também atuou como técnico da Receita Federal, trabalhou no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e participou do gabinete de transição presidencial entre os governos Bolsonaro e Lula, como consultor na área de Previdência Social.