Quarta-feira, 19 de março de 2025
Por Redação O Sul | 18 de março de 2025
O deputado Danilo Forte (União-CE) avisou a colegas de partido que tem interesse em disputar uma vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) nos próximos meses. Forte detalhou a intenção em uma reunião da bancada na última semana. A base governista, por outro lado, busca reforçar que a indicação cabe ao PT, por ter fechado um acordo sobre o tema com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
O posto, atualmente ocupado pelo ministro Aroldo Cedraz, será aberto em fevereiro de 2026, mas a competição foi antecipada na Câmara.
Procurado pela Coluna do Estadão, Danilo Forte não comentou. Em um momento de queda de popularidade do governo Lula e dificuldades do Palácio do Planalto na relação com o Congresso, integrantes do Centrão rechaçam o acordo selado pelo PT sobre a indicação no ano passado, durante a eleição de Motta à presidência da Câmara.
Para deputados do bloco, o combinado era que a indicada petista para o TCU fosse a deputada Gleisi Hoffmann (PR), o que ficou inviabilizado neste mês, quando Gleisi foi nomeada ministra da Secretaria de Relações Institucionais. O favorito do PT para a vaga, entretanto, parece ser o deputado Odair Cunha (MG), o que vem gerando discussões acaloradas dentro da base aliada.
As votações no Congresso para o posto de ministro do TCU são secretas, o que impede a punição de parlamentares infiéis e dá margem para a costura de novas negociações. Essa falta de transparência facilita as articulações de bastidores, permitindo que diferentes partidos, além do União Brasil, busquem reforçar suas posições. O PSD e o PL, por exemplo, estão também ativamente envolvidos na corrida pela vaga, com o PL, em particular, tentando ampliar sua influência política depois da saída de Bolsonaro do poder.
No ano passado, Forte foi relator do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e era frequentemente procurado pelos colegas. Nesse período, ele foi visto como uma figura chave nas negociações do Congresso, negociando até a volta de um calendário para o pagamento de emendas parlamentares. O histórico de Forte de negociação com outros partidos e a sua experiência política são vistos como fatores que o colocam em uma posição vantajosa nesse processo.
Segundo correligionários de Forte, o fato de ele ser mais velho ajuda na negociação. Aos 66 anos, se for nomeado ministro do TCU, ele teria uma estabilidade até nove anos no posto, já que permaneceria na posição até 2035, quando uma nova vaga seria aberta para a Câmara. Esses deputados se dizem arrependidos de terem eleito para o TCU em 2023 o jovem deputado Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR), que, com apenas 36 anos, poderia permanecer na cadeira até 2059, quando atingiria a aposentadoria compulsória, aos 75. Para eles, a longa permanência de Jhonatan de Jesus no cargo é uma oportunidade perdida de garantir uma presença mais estratégica para a Câmara no TCU, especialmente considerando o peso das decisões que o órgão toma no cenário político nacional. (Estadão Conteúdo)