Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 21 de novembro de 2024
O argentino Fernando Cerimedo, responsável por ajudar na expansão da direita pela América Latina, foi indiciado hoje pela PF por suspeita dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. O influencer é o único estrangeiro entre os 37 indiciados por tramarem um golpe de Estado no País.
A conclusão do inquérito aponta uma organização criminosa que atuou de forma coordenada na tentativa de golpe para manter Bolsonaro após derrota na eleição de 2022. A investigação começou no ano passado e foi concluída dois dias após a PF prender 4 militares e um policial federal acusados de tentar matar Lula, Alckmin e Moraes.
Cerimedo é um influencer de direita, dono de um canal chamado “La Derecha Diário” e próximo, entre outros, ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Com escritório na badalada região de Puerto Madero, em Buenos Aires, Cerimedo é um estrategista e consultor especializado em marketing digital e político e dono de diversos canais ligados à direita argentina. Chamado por portais locais como um “Steve Bannon latino-americano”, em referência ao ex-conselheiro do ex-presidente norte-americano Donald Trump, ele disse em entrevistas querer fortalecer a direita por todo o continente.
Além de apoiar informalmente da campanha de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição em 2022, ele atuou como consultor externo e coordenador de estratégia digital da campanha de Javier Milei à Presidência da Argentina, em 2023. Ao contrário de Bolsonaro, Milei saiu vencedor do pleito.
Falsas alegações
Em 2022, Cerimedo participou ativamente da campanha para descredibilizar a eleição da qual Bolsonaro saiu derrotado. Em uma “live”, o influenciador apresentou alegações apócrifas e falsas sobre as urnas eletrônicas para justificar o fato de o candidato do PL ter tido menos votos que Lula.
Uma das alegações do vídeo, sem provas, é a de que algumas das urnas, de fabricação anterior a 2020, não teriam sido auditadas. A informação é falsa, porém.
No mesmo vídeo, Cerimedo também diz que algumas urnas teriam dois programas rodando em paralelo, já que elas apresentam dois logs. A informação também carece de provas, já que mais de um log pode ser gerado por uma mesma máquina, caso o servidor da Justiça Eleitoral digita uma número errado no momento de inserir a senha, por exemplo.
Próximos passos
O indiciamento significa que a PF viu fatos suficientes para considerar que Bolsonaro, Braga Netto e Cid e os demais indiciados têm participação na trama golpista que tentou tirar o mandato do presidente eleito em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A PF apresentou o relatório com os indiciamentos para o Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, o ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, deve enviar o material para análise Procuradoria-Geral da República (PGR).
Se a PGR entender que há elementos suficientes que demonstram a participação nos atos, vai oferecer à Justiça uma denúncia contra os envolvidos. Só se a denúncia for acolhida pelo STF é que Bolsonaro e seus auxiliares virariam réus.