Quarta-feira, 16 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 14 de abril de 2025
O deputado federal Antônio Carlos Rodrigues (SP) foi o único representante do Partido Liberal na Câmara a não corroborar com o pedido de urgência para o projeto que anistia condenados pelos ataques de 8 de janeiro. Embora o site da Casa informe que Robinson Faria — outro que não aderiu à proposta — também seria filiado à sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, o parlamentar do Rio Grande do Norte migrou para o Republicanos em dezembro do ano passado, como informou sua assessoria. Ele é pai de Fábio Faria (PP-RN), que foi ministro das Comunicações no governo do ex-presidente Bolsonaro.
Além da dupla, o requerimento de urgência também acabou sem o aval formal do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), e do líder da oposição na Câmara, Coronel Zucco (RS). Neste caso, porém, a razão é apenas procedimental, uma vez que ambos assinaram o pedido como líderes, e não como deputados, o que é considerado inválido para esse tipo de documento. Deste modo, a proposta foi chancelada por 88 parlamentares do PL, o equivalente a um terço das 262 assinaturas.
Eleito em 2022 com 73.054 votos por São Paulo, Antônio Carlos Rodrigues, de 64 anos, está no primeiro mandato na Câmara, mas já fez parte do Senado em 2012, quando assumiu como primeiro suplente após a saída de Marta Suplicy, que deixou a Casa para se tornar ministra da Cultura. Em 2014, ele abandonou o posto pela mesma razão, ao ser convidado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para assumir o Ministério dos Transportes, pasta que ocupou até o impeachment da petista, em 2016.
Rodrigues também atuou como vereador da capital paulista por quatro legislaturas, entre 2001 e 2012. Ele chegou a presidir a Câmara municipal por três anos, de 2007 a 2010.
O político foi ainda diretor-presidente da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), chefe de gabinete da Secretaria das Administrações Regionais da capital paulista e secretário de Serviços Públicos de Guarulhos, além de procurador e chefe de gabinete na Assembleia Legislativa de São Paulo, onde começou a vida pública, em 1979.
O parlamentar também é presidente de honra da Mancha Verde, escola de samba ligada à maior torcida organizada do Palmeiras, clube do qual é torcedor.
Nas redes sociais, Antônio Carlos traz postagens com nomes mais ligados ao núcleo duro do bolsonarismo, como os colegas de bancada Carla Zambelli e Paulo Bilynskyj, ambos do PL de São Paulo. Em outros conteúdos, no entanto, aparece com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de quem é apontado como um dos aliados mais chegados. Há ainda registros com o ministro dos Esportes, André Fufuca, e com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) — que vem sendo pressionado por bolsonaristas para pautar o projeto sobre a anistia.
O deputado também é próximo do ministro Alexandre de Moraes, relator das apurações sobre a investida golpista no Supremo Tribunal Federal (STF). Os dois se conhecem há 30 anos. Em novembro do ano passado, em meio a mais uma operação da Polícia Federal (PF) relacionada à trama antidemocrática, Antônio Carlos fez elogios públicos ao magistrado: “O que o ministro faz é muito bem feito. Eu admiro a atitude e a coragem de Alexandre de Moraes”, disse ao jornal Estado de São Paulo.
À época dos ataques à Praça dos Três Poderes, Antônio Carlos chegou a fazer postagens em seu perfil oficial condenando os atos. “Vandalismo é crime, um ato odioso contra a democracia e às instituições, uma afronta ao estado democrático”, escreveu. Procurado pelo GLOBO para explicar por que não aderiu ao PL da Anistia, o deputado não retornou. (Com informações do jornal O Globo)