Sábado, 14 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de dezembro de 2024
O general da reserva, nascido em Belo Horizonte, entrou para o Exército em 1974, aos 17 anos de idade.
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilPreso neste sábado (14) pela Polícia Federal (PF), o general da reserva Walter Braga Netto é apontado como um dos articuladores de um plano de golpe de Estado após o resultado da eleição presidencial de 2022. Ele, que foi ministro durante a gestão de Jair Bolsonaro, ganhou notoriedade na mídia quando anunciou, em 2018, que haveria uma transição na intervenção federal do Rio de Janeiro. Na época, Braga Netto era interventor na segurança pública do Rio, a pedido do governo federal – na administração de Michel Temer.
O general da reserva, nascido em Belo Horizonte, entrou para o Exército em 1974, aos 17 anos de idade. Durante sua carreira militar, foi chefe do Grupo de Observadores Militares das Nações Unidas no Timor Leste e adido do Exército na Polônia, no Canadá e nos Estados Unidos. Recebeu os títulos de Mestre em Operações Militares da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, em 1988, e de Doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares do Curso de Altos Estudos da Escola de Comando do Estado-Maior do Exército em 1994.
Braga Netto iniciou seus trabalhos no governo de Jair Bolsonaro atuando como ministro da Casa Civil em 2020, tendo sido o responsável pela coordenação do repasse de informações e respostas do governo federal a respeito da pandemia de Covid-19. Depois, passou para a pasta da Defesa e se filiou ao Partido Liberal, de Bolsonaro. Durante seu tempo como ministro, chegou a celebrar o golpe militar de 1964, que classificou como um “marco histórico da evolução política brasileira”.
Na eleição de 2022, foi candidato à vice-presidência na chapa de Jair Bolsonaro. Após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, questionou a veracidade dos resultados, defendendo a volta do voto impresso.
Plano
Walter Souza Braga Netto foi citado 95 vezes no relatório da Polícia Federal que apura o planejamento de um plano de golpe de Estado. De acordo com a PF, o ex-ministro teria feito um “manuscrito”, apreendido na mesa de um dos assessores do general, na sede do PL que afirmava: “Lula não sobe a rampa”. O material foi encontrado em uma pasta denominada “memórias importantes” e funcionava como um “esboço de ações planejadas para a denominada Operação 142”.
A Polícia Federal indica, com base nas apurações, que o general atuava como um articulador do plano. De acordo com o relatório, Braga Netto teria utilizado o “modo de agir” da milícia digital e instruído o major reformado do Exército, Ailton Barros, a direcionar “ataques pessoais” aos comandantes do Exército, general Freire Gomes e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Baptista Júnior, por terem se oposto a colaborar com o golpe de Estado.
Além das determinações feitas a militares, Braga Netto também era o responsável por receber o planejamento operacional para ações das Forças Especiais para realizar o golpe.
De acordo com a PF, o golpe de Estado, elaborado pelo grupo criminoso, pretendia criar um “Gabinete de Gestão de Crise”, que seria comandado por Braga Netto, como coordenador-geral. O objetivo do gabinete seria o de “assessorar” Bolsonaro na administração do país após a concretização do golpe.
O plano, afirma a PF, teria sido aprovado pelo general em uma reunião com militares na casa de Braga Netto, em 12 de novembro de 2022. A Polícia Federal prendeu o ex-ministro na manhã deste sábado após ele voltar de viagem.
A Procuradoria-Geral da União (PGR), afirmou, em uma manifestação, que a prisão preventiva do general evita interferências na investigação.
Em depoimento no dia 5 de fevereiro de 2024, Mauro Cid confirmou que Braga Netto e “outros intermediários” procuraram seu pai por telefone para saber informações sobre a colaboração premiada firmada pelo ex-ajudante de ordens.
O ex-ministro se encontra na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro para exame de corpo de delito e será encaminhado para a sede do Comando Militar do Leste também no Rio de Janeiro. Ele está impedido de conversar com demais investigados no caso.