Quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de agosto de 2019
O ex-ministro Antonio Palocci foi preso em setembro de 2016 em um braço da Operação Lava-Jato batizado como Omertá, um termo napolitano que define o código de honra das organizações mafiosas do sul da Itália.
A Lava-Jato comparava, assim, os petistas aos mafiosos, que cobravam de seus comparsas silêncio após uma eventual captura. Mais tarde, com a revelação de troca de mensagens de Telegram entre procuradores, obtidas pelo site The Intercept Brasil, a relação ficou explícita.
A expressão aparece em um dos diálogos em que procuradores comentam o que eles consideravam fragilidade da delação do ex-ministro. Eles apontam que até o então juiz Sérgio Moro usava a palavra omertá para se referir ao silêncio dos petistas.
“Russo [apelido de Moro na força-tarefa] comentou que embora seja difícil provar ele é o único que quebrou a omerta petista”, disse o procurador Paulo Roberto Galvão a seus colegas num grupo de mensagens do aplicativo em 25 de setembro daquele ano.
Moro tinha dúvidas sobre as provas apresentadas por Palocci, segundo os diálogos, mas resolveu dar publicidade a trechos da delação na véspera da eleição presidencial de 2018.
Palocci não conseguiu fechar um acordo delação premiada com a Procuradoria, que justificou falta de provas. Mas a colaboração foi aceita pela Polícia Federal e homologada no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). O ex-ministro saiu da prisão em novembro de 2018. Ficou estipulado que ele pagaria uma multa de R$ 37 milhões à Operação Lava-Jato.
O acordo do ex-ministro estava sob segredo de Justiça, mas o resumo do que ele disse aos investigadores veio a público após o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), decretar a redistribuição das investigações do que foi revelado por Palocci. Há no documento um pequeno resumo das histórias contadas por ele.
Palocci relata em 23 capítulos pagamentos de propina e negócios ilícitos com as maiores empreiteiras do País, bancos, empresa de seguros, rede de supermercados, mineradora, empresas do setor alimentício. Os beneficiários da propina, segundo o ex-ministro, foram partidos políticos, sobretudo o PT, que expulsou Palocci quando ele negociou delação.
Entre os principais pontos relatados por Palocci aos policiais federais da Lava-Jato estão o PT, Belo Monte, Galeão, Governo líbio, Ambev, Camargo Corrêa, Safra e Votorantim, BTG, Caixa dois na campanha de 2010, Parmalat, Repasses do Bradesco ao PT, Repasses de Joesley ao PT, entre outros assuntos.